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26/12/2007
Cuidado com o mau exemplo

Sou um garoto de 11 anos, animadão com a Copa e não perco nenhum jogo. Sempre atento à TV, sou naturalmente bombardeado o tempo todo com toques, sugestões e propagandas, mas nem percebo a influência que estas mensagens poderão ter na minha formação.

Seguem-se os eventos e, de repente, um dos meus ídolos, o Rivaldo, executa a mais grotesca interpretação teatral possível, fingindo receber uma bolada na cara e se jogando no chão diante de centenas de milhões de espectadores, quando na verdade a bola simplesmente lhe pegou na perna.

Não entendo direito aquilo e vou em frente.

Nos comerciais, logo a seguir, vejo um anúncio que é a segunda ou terceira peça da campanha publicitária de uma marca de guaraná.

É o Guga Kuerten vendo um menino com dificuldades na máquina de moedinhas e dando uma raquetada certeira, de modo que a bola atinge o botão liberando um monte de latas geladas, quando o garoto botou apenas uma moeda.

Não satisfeito, o garoto do anúncio sugere ao Guga que use o mesmo truque da bolada num caixa eletrônico de banco. Guga diz não. Mas peraí: é uma coisa bacana aplicar truques para roubar dinheiro de uma máquina dessas?

Bem, sei lá. Segue a TV.

Nos dois blocos comerciais seguintes, duas propagandas com aquela tartaruguinha esperta, a da cerveja.

Na primeira, ela induz um cozinheiro chinês a jogar uma faca para o alto e recebê-la cravada na nuca. Na segunda, a tartaruga está numa arquibancada, com um torcedor à sua frente. Este, ao comemorar um gol, levanta os braços com a latinha de cerveja. A tartaruga simplesmente rouba a lata do cara e bebe sua cerveja.

Tudo bem, eu quero mesmo é ver o jogão. Mas e aí: se depois eu virar um pilantra quando crescer, será que vou me lembrar dos valiosos exemplos que tive, vendo TV quando era garoto?

Autor Anônimo

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