Vida mais atenta
Quando a vida se torna mais madura ou mais séria pelas passagens dos anos, os pensamentos sobre as ilusões dos tempos de nossa imaturidade se ausentam. Nisso está o desinteresse do se agradar e agradar aos outros. A vida se torna mais autêntica, mais introspectiva nos livrando dos pensamentos que sejam supérfluos. Talvez seja a aproximação da morte que nos impõe a sermos mais condizentes com a nossa existência atual, isto é, sermos nós mesmos assim como somos. Tudo o que vivemos desde que nascemos até agora é o que pode ser chamado “EU”. O Eu que é um somatório de todas as nossas experiências vividas, sejam elas tristes ou alegres.
Então, esse nosso Eu atual é formado de lembranças. Esse Eu mais ou menos descrito aqui, ele pode ficar esquecido quando mais ficamos atentos ao nosso estado presente e ficamos esquecidos do passado, das lembranças. Ficarmos mais atentos ao presente nos livra de decepções de outrora se o presente não estiver sendo uma decepção também (risos). Nem todos os que atingem uma idade avançada se ligam aos que ocorre em seus estados conscientes. Muito ainda se deixam viver dirigidos pelo piloto automático que é se estar distraído de seus momentos presentes.
Altino Olímpio
Individualidades perdidas
Assim é a vida de muitos deste mundo
Cada vez mais confusa pela sujeição
A tudo que é promulgado por outros
A escravidão ao telefone celular
Cada vez mais ela “deleta” a razão
Aquela de quando mais havia
Pensamentos próprios de cada um
E a independência dessas tecnologias
Que mais caducam do que educam
Muita gente se tornou o que outros
As tornaram com suas idiotices
Simpáticas para os de vazios mentais
Daqueles dispostos a se preencherem
Com as superfluidades da existência
Que cada vez mais vitimam pessoas
Levando-as para a dependência
Do vício de sempre se atualizarem
Com o que ocorre nos dias a dias
E que são insignificâncias gerais
Muitos nem desconfiam da tal situação
De serem prisioneiros dos contatos
Exagerados de informações diárias
Que mais lhes abarrotam suas mentes
Deixando seus pensamentos à deriva
Impedindo outros mais necessários
Aqueles mais úteis de suas vidas
Nestes tempos tumultuados
O se ser “eu mesmo” cada vez mais
Se distancia do si mesmo de cada um
E muitos ficam a serem iguais aos outros
Que tanto são “Maria vai com as outras”
Com suas individualidades perdidas
Para o bem do domínio das massas
Que é o êxito destes tempos aprisionais
Altino Olímpio
A solidão dos remanescentes
Quem são os remanescentes? Eles são aqueles que nasceram, viveram e ainda vivem em Caieiras, cidadezinha esta que teve suas muitas histórias. Mas agora, sem seus parentes, sem muitos de seus amigos e conhecidos, que, já se foram deste mundo quando a morte fez com que eles se tornassem esquecidos, como isso mais é de praxe (risos). Agora, os remanescentes mais ficam sabendo de outros remanescentes que também estão indo para os seus desaparecimentos daqui. Como muitos foram desaparecidos, parece que os remanescentes, cada vez mais sendo minoria vivem suas vidas na solidão de não terem como se preencherem com a companhia dessa nova geração dos mais jovens, que, “estão em outra”, isto é, não se compartilham com os mais velhos por pensa-los ultrapassados. Triste realidade para os atuais remanescentes que outrora eram mais respeitados e mais considerados e viviam com mais contatos humanos, diferente destes dias em que ficar recluso em casa é até mais confortante.
Altino Olímpio