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09/12/2024
Vítimas da vida

Vítimas da vida

O mundo é como ele me é. Ele é como eu o sinto. Ele é como eu existo e como eu vivo nele. Ele é o que ouço, o que eu vejo, o que penso dele e etc., O Céu, a Lua, as Estrelas, os planetas, os espaços e o infinito estão a ser o que eles são por si mesmos, mas, são só como a minha imaginação os imagina e tudo o mais que não consigo imaginar. A consciência é o meu mundo, pois, quando estou dormindo e estou na inconsciência, o mundo não me existe e ela, a consciência, não existindo nada mais me existe. A vida que é de momentos em momentos, ela também não é a mesma de quando estamos adormecidos e ela é substituída por sonhos que são o “nada são” para quando estamos despertos. Resumindo, cada qual tem o seu mundo enquanto não desaparecer da face da terra que é o mundo geral. No entanto, ele é a nossa única morada enquanto estamos vivos e sendo inquilinos dele. 

Extrapolando na reflexão, todos os que nasceram ou nascem neste mundo tendo muitos prazeres, muitas perturbações e tendo de conviver com a ignorância sobre o “para que de verdade” se nasce aqui, isso mais está a parecer que somos “vítimas da vida”. Nós só nos conscientizamos dela, da vida, quando crianças ainda, mais ou menos antes dos dois anos de idade quando nos vem a percepção que somos seres separados dos outros seres deste mundo.  Isso significa termos adquirido a autoconsciência. É o despertar para a percepção do si mesmo. E estando nesta vida com o tempo a passar, não há como saber ou imaginar o que nos espera ou nos aconteça de bom ou de ruim para nós. Tem aqueles que dizem que tudo o que nos possa acontecer, seja o bem ou o mal, faz parte do destino de cada um.

Também, como já se ouviu dizer, “o homem é o eterno desconhecido de si mesmo”. Isso sugere que ele vive sem saber para que ou porque nasceu, se foi apenas pela inconsequência de um ato sexual entre um homem e uma mulher ou se foi para cumprir alguma missão nesta vida. Quando nascemos somos obrigados a ser como a vida requer, isto é, sermos mais ou menos igualados com a humanidade, seus costumes, obrigações ou deveres para podermos sobreviver neste mundo até ficarmos desaparecidos dele. Isso já parece “sermos vítimas da vida” e não donos dela (risos). Se a vida é boa ou não, isso não faz parte deste texto para querer saber.  Entretanto, ele serve para quem queira refletir sobre ela, a vida, e ter suas conclusões como tantos outros tiveram, embora, a diversidade de conclusões mais implica em confusões do que em soluções. 

Altino Olímpio

Muitos ainda são como se fossem crianças

Tem muita gente que desde crianças foram inculcadas com ideias e imaginações ou superstições que não correspondem com a realidade da vida. Elas têm convivido com tais ideias, imaginações e superstições e assim ainda permanecem como se fossem crianças existindo em corpos de gente grande. Se compreende que quando um conceito qualquer como uma ideia, por exemplo, se instala na cabeça de alguém, mesmo que com o passar do tempo tal ideia seja desmentida ou desacreditada, o alguém adulto criança ainda continua a manter a mesma ideia que primeiro lhes foi fixada ou condicionada em sua mente. Quem se lembra de ideias que lhes foram implantadas e que se reluta em abandoná-las? Para complementar este texto, assim disse o Jiddu Krishnamurti (1895-1986): Somente quando a mente está livre de ideias e crenças pode atuar corretamente. 

Altino Olímpio

Meu viver à toa

Sou daqueles tempos em que ninguém falava que o tempo voa e eu ia passear de canoa. Cada vez que mais eu remava melhor o barco deslizava. Pelas margens do rio se via ratos e sapos e outros bichos mostrando como tudo era o capricho da natureza na dança da vida. Todos os bichos e todos os animais viviam contente com a vida que tinham menos o animal homem que já vivia descontente querendo ter de tudo pensando que ter de tudo seria a sua felicidade. Desde muito tempo o ter foi mais cobiçado do que o ser. Para que perder tempo querendo ser se o ter é mais preponderante e mais lucrativo? Naqueles tempos de ver ratos e sapos na beira do rio o tempo parecia existir muito lento e era por isso que ninguém falava: “como o tempo voa”. Parecia que o tempo tinha a velocidade da minha canoa igual ao meu viver à toa. 

Altino Olímpio