Assim é que se obtém cultura?
Este mundo é privilegiado pela tecnologia que possui. Tivemos o rádio que livrou muita gente do tédio dos momentos de não ter o que fazer. Também, o rádio quando irradiava novelas, isso fez com que muita gente desenvolvesse e muito, a capacidade da imaginação. Claro, não se via as cenas que eram ditas ou descritas pelos artistas das radionovelas e então era preciso imaginá-las. Uma das radionovelas de maior sucesso foi “O direito e Nascer” de 1951. As Donas de Casa não se desgrudavam do rádio enquanto os capítulos das novelas não terminassem. Depois, anos mais tarde com o advento da televisão, as novelas passaram a ser televisionadas.
Impressionante como elas atraiam público para assisti-las à noite. As mulheres sempre foram a maioria para recepcionarem em seus lares essa atração televisionada como sendo difícil de resistir à ela ou evita-la. Entretanto, as novelas, para muita gente foram o único modo ou jeito que tinham ou tiveram para adquirirem “cultura”, aquela que como dizem, iguala as pessoas no mesmo nível intelectual. Foi assim que muitas pessoas evoluíram e ficaram preparadas para recepcionarem conhecimentos outros de difícil compreensão para quem só assistiu televisão como meio de se entreter. Mas, se como dizem que a vida já é uma novela, para que assistir as novelas que são inventadas por outros e sempre terminam como eles querem, no mais das vezes, para o agrado geral dos telespectadores?
Quantas seriam as pessoas deste país que leram vários ou muitos livros para adquirirem partes de suas culturas? Acredita-se, uma minoria. Parece que a maioria não gosta de ler, mas, gosta de opinar até sobre o que não entende. Muitos em suas vidas só leram o catecismo de quando ainda eram crianças e mesmo assim são bem entendidos sobre temas ou fatos que não estão ao alcance da capacidade humana entender ou comprovar (risos). A leitura de bons livros e reflexões sobre eles promovem mais cultura e dificultam que muitas pessoas “caiam no conto do vigário”, expressão esta antigamente usada para alertar sobre como as mentiras se tornam verdades nas cabeças daqueles que “não perdem tempo” com reflexões (risos).
O tempo que antes passava lento agora de hora em hora parece que ele está muito apressado. Quando escrevo, mais para mim mesmo, é como se eu o ignorasse ou o destituísse de todo o poder que ele tem de ao passar criar todas as transformações que modificam o mundo e as pessoas. Escrevendo sobre o que já ficou esquecido ou perdido no tempo, é como se ele parasse de estar presente nos fatos ou eventos atuais que não me atraem e de preferência nem quero ficar sabendo. Enquanto fico escrevendo me surgem as palavras e as frases que necessito para preencher um texto qualquer sem que eu perceba que o tempo parece não me existir. Se eu escrevesse a toda hora isso iria parecer que o tempo foi embora (risos). Mas, infelizmente ele sempre volta quando passo por contratempos.
Altino Olímpio