O mundo se descortinava na escada
Naqueles dias enquanto menino eu vivia
Beleza era eu me envolver com a natureza
Era eu sempre acompanhado pelo Lulu
Sentados no alto degrau da escada
Que a descendo dava para a rua de terra
Eu nem sabia que tinha havido uma guerra
Não no mundo em que eu via e vivia
Sob o Céu azul e sob o sol forte
Eu pensava como iria ser a minha sorte
Era onde eu ficava com o cachorro na escada
Onde para mim o mundo se destacava
Eu gostava de ver aquela rua deserta
O silêncio me despertava pensamentos
Eu olhava para o alto no firmamento
Via os pássaros voando na liberdade
E perto de mim via borboletas
Batendo palmas com suas asas coloridas
Esse mundo que eu via com olhar de criança
Eu me via e me sentia dentro dele
Tudo o que via e via passar era o tempo
Ele se introduzia em tudo o que acontecia
Era o jeito que ele tinha de se demonstrar
Às vezes lá na escada onde eu ficava
Parecia que o tempo e o mundo paravam
As folhas das árvores não farfalhavam
Os pássaros e as borboletas não mais voavam
O Céu azul e o Sol pareciam ficar tristes
As cigarras emudeciam no tronco das árvores
Ninguém passava por aquela rua solitária
Era domingo que logo iria ficar na melancolia
Sem o Céu azul e sem o clarão do Sol quente
Que antes juntos com o tempo foram poesias
Para um garoto que já vivia de fantasias
Que lá na escada seu cachorro não entendia
Aquelas tardes me foram precoces na vida
Ingênuo eu queria decifrá-la e entendê-la
E a vida mais era só para vivê-la como ela era
Era tempo a passar trazendo-me mudanças
De criança para ser um homem adulto
Sem nunca mais ficar sentado na escada
Imaginando os degraus do tempo a passar
Sem eu saber até onde iria chegar nesta vida
Altino Olímpio