O destino
Faz tempo que não ouço falar do destino
Parece que ele já está meio esquecido
Antigamente ele era mais comentado
Como se fosse culpado do que nos acontecia
Se foi ele que me trouxe para esta vida
Então não foi a cegonha que me trouxe
Como antigamente se dizia para as crianças
Eu nasci num lugarzinho chamado Caieiras
Talvez seja por isso que eu só escreva besteiras
Sobre o destino eu só conheço a palavra destino
Não sei se ele existe porque nunca o vi destinando
Mas antes eu ouvia que só iria ser o que ele queria
Se agora sou o que o destino quis
Então não sou culpado pelo que fiz e pelo que sou
Um nada ser já quase na idade de morrer
Na ausência do destino para me socorrer
Sei que vou perder a memória da minha história
Foi de emoções e alegrias e também de desatinos
Então se o destino está em tudo o que acaba
Parece que para mim ele não mais recomeça
Para renascer em outro lugar e de outros pais
Eu que hoje não acredito em mais nada
Sou do tipo de gente que ficou muito descrente
Tudo culpa daqueles que inventaram o destino
Aquele que administra a sequência dos fatos
Que acontecem na vida de cada um
E que cada um tenha o destino que merece
Mas se os fatos existem e o destino não
Todos são responsáveis pelos seus atos e não ele
Sei bem que este mundo é cheio de anedotas
Quem as inventa pensa que todos somos idiotas
Sob a grande lona do circo que agora cobre o país
Já rimos muito dos artistas que eram palhaços
Agora nós é que somos palhaços nesse angu de caroço
Culpados desse viver seguindo um rumo sem destino
Como é sem destino quem segue o destino de outros
Aqueles responsáveis ou culpados pelo angu de caroço
Altino Olímpio