Ontem eu vivi uma pessoa experiência inusitada. Daquelas que vc houve todos os dias nos noticiários, mas que sempre espera não aconteça com vc.
Bem cedinho, assim que saí de minha aula de pilates, caminhando como de costume por algumas quadras até a praia para meu exercício matinal, olhando sempre com atenção pelo receio de cair, ser atropelada numa esquina , enfim estou sempre atenta a esses detalhes, quando vi um sujeito estranho atravessando a avenida com os olhos fixos em mim. Meu “alerta perigo”automaticamente foi ligado. Olhei rapidamente em volta e tentei me aproximar de um senhor que estava perto de mim, mas ele apertou o passo talvez também pressentindo o perigo e eu me vi sozinha, sem possibilidade de atravessar a avenida muito movimentada e nenhum lugar para entrar, pois do meu lado só tinha um muro. O elemento então se colocou atrás de um poste que eu teria que passar, foi o tempo que tive para pegar minha Push Dagger, ( adaga de soco),
e assim que ele se colocou na minha frente eu me preparei para minha defesa mostrando minha pequena arma, que seria um problema a mais para ele. Confesso que eu estava já tomada por uma raiva imensa, adrenalina a mil e decidida a não ser presa fácil para ele, que tomou um susto e me olhou com ódio, mas saiu apressado tentando pegar outra senhora que estava mais a frente quando eu gritei para ela: “ cuidado é assalto “.
Nessa hora ele olhou para trás e me xingou, me aproximei da senhora , mas ele pegou logo em seguida um rapaz desprevenido e roubou-lhe a bicicleta. Com nossos gritos de “ pega ladrão” um motoqueiro que passava e estranhamente estava armado ( um policial talvez), foi no encalço do fdp que se vendo perseguido jogou a bicicleta, saiu correndo, tirando a roupa pela fuga, naturalmente para despistar o perseguidor.
Foi tudo muito rápido.
Eu precisei me sentar num café cuja dona me ofereceu uma água.
O bem venceu dessa vez…
Mas aí veio a questão: eu agi certo?
Quase todos de minha família, com exceção de meu marido, que por me conhecer, deu-me minha adaga, acharam que eu me arrisquei demais.
E eu tentei em vão explicar que nessa hora não dá tempo de pensar. A adrenalina impulsiona vc ou paralisa. Eu sou assim, todos os meus sentidos se voltam para minha auto defesa.
Poderia até ser roubada, mas ele sairia com um bom corte na cara que era onde eu mirei o tempo todo.
Na minha família, temos vários militares que entenderam minha reação, mas ponderaram que eu não deveria ter feito nada, mas eu
me sentiria uma “ ameba” se ficasse quieta.
Nessa hora eu creio que sejam nossos instintos de defesa que reagem. Lembrei me do caso de um amigo que ao ser acordado com uma arma na cara por um marginal dentro de seu quarto, reagiu dando um pontapé no peito do bandido que com o susto, saiu correndo levando junto seu comparsa que já tinha a esposa de meu amigo dominada em outra parte da casa.
Aí eu pergunto: “ foi o instinto de defesa dele que reagiu imediatamente”?
Para mim foi. Assim como eu.
Claro que daqui pra frente eu fiquei com mais receio.
Não digo que não tive medo. Mas foi depois que tudo tinha terminado. Eu não posso aceitar que indivíduos como esses, tirem minha liberdade de caminhar, de ser livre.
Fico muito triste e com muita saudade dos tempos que quando criança, éramos livres do medo, as pessoas não sabiam o que era dormir de janela fechada no verão, as crianças brincavam até cansarem no jardim da praça, e nossos pais sabiam que elas estavam bem , apenas com o risco de ralarem seus joelhos nos tombos que com certeza aconteciam.
Escrevo essa minha vivência e lanço a pergunta: “ como vcs acham que reagiriam diante de uma situação dessas”?'
Selma Esteticista