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Conto: Desodorante

A mãe mandou-o ao supermercado perto de casa para comprar um desodorante. Como queria ela só a embalagem plástica, deu-lhe o dinheiro suficiente para adquirir um bem barato.

Chegou no lugar e olhou, olhou e olhou. Comparou os preços por algum tempo e segui à risca a ordem materna: comprou um cujo rótulo lembrava a Branca de Neve e os sete anões. Só que, pelo jeito, havia um anãozinho morto ali dentro.

 

Foi para uma das caixas registradoras. Num descuido, a coisa foi parar na sacola de uma menina, a sua frente na fila. Percebido o engano a mulher que ensacava os produtos até se desculpou e se pôs a correr atrás da outra, pois já havia pago.

 

— Ei, garota!... Espera!... Espera!

 

A garota, que não o conhecia, devia estar pensando coisa errada e se arrancou indo se proteger junto a um guarda num posto de gasolina próximo, que também vendia refrigerante e uma irresistível goiabada – tão “irresistível” que o filhote de um rato gordo, que fazia ponto por ali com a família, certa vez não resistira e, ó, coitadinho, “empacotara”.

 

— Ei você!! – o policial chamou-o... Esta menina está me dizendo que você está seguindo ela... O que você tem a dizer?

 

—Mas é claro – respondeu ele, com a língua ainda de fora... eu comprei um desodorante no supermercado e a mulher de lá colocou ele na bolsa dela...pode olhar.

 

Realmente, o produto se encontrava na sacola.

 

— É este aqui? – perguntou-lhe o guarda.

 

— É esse mesmo!... É uma porcaria, mas a minha mãe só quer o plástico.

 

Olha seu guarda, olha como é ruim.

 

Aplicou o desodorante no policial.

 

Não demorou e quem passou a ser perseguido foi ele.


João Fernando Kassa