Recorde de calor incomoda, prepare-se onda veio pra ficar
O verão ainda está distante mas as altas temperaturas, não. As manchetes da mídia estampam realidades como Mais de 40°C: 8 cidades do interior de São Paulo batem recorde de calor, do portal UOL em primeiro de outubro. Ou, Tempo: Brasil tem calor recorde e ‘padrão de deserto’ em algumas áreas, do Canal Rural em 30 de setembro. Ou ainda, Calor chega a quase 44°C em SC e bate recorde, do Portal Terra, e assim por diante. É melhor ir se acostumando. Recorde de calor incomoda, prepare-se veio pra ficar.
Recorde de calor incomoda, prepare-se veio pra ficar
Agora mudamos para a mídia internacional já que a tupiniquim pouco fala no aquecimento global. New York Times, em abril de 2020: “A ciência é clara: o mundo está se aquecendo perigosamente. Os humanos são a causa disso, e uma falha em agir hoje afetará profundamente o futuro da Terra.”
NYT: “O aquecimento global está acontecendo e seus efeitos são sentidos em todo o mundo. Os únicos debates reais são sobre quão rápido e quão longe o clima mudará. E o que a sociedade deve fazer – os procedimentos equivalentes aos bloqueios e distanciamento social sobre o aquecimento global – para desacelerar ou parar e limitar os danos.”
Site da Nasa: “Desde o período pré-industrial, estima-se que as atividades humanas aumentaram a temperatura média global da Terra em cerca de 1 grau Celsius. Este número está aumentando atualmente em 0,2 graus Celsius por década.”
“A maior parte da tendência atual de aquecimento é extremamente provável (mais de 95 por cento de probabilidade) o resultado da atividade humana desde 1950 e está ocorrendo a uma taxa sem precedentes ao longo de décadas.”
2020 deverá ser o ano mais quente já registrado
USA Today: “Cientistas federais anunciaram que 2020 tem quase 75% de chance de ser o ano mais quente já registrado para o planeta Terra. Já, durante os primeiros três meses do ano, é o segundo mais quente já registrado, atrás apenas do ano impulsionado pelo El Niño de 2016, disse a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).”
A informação científica aí está, e mesmo 2020 sendo o ano em que a indústria e os transportes praticamente pararam devido à pandemia, será possivelmente o ano mais quente já registrado no planeta.
E por que mesmo com a indústria e os transportes mundiais semi parados 2020 será o ano mais quente? Porque mesmo se parassem todas as emissões de um dia para outro, o problema persistiria, apenas não aumentaria. É o que dizem os cientistas. O dióxido de carbono e o metano estão ‘presos’ na atmosfera terrestre.
O estrago já está feito. Agora, o jeito é correr atrás do prejuízo.
O Brasil quase ignora
Resta saber o que os gestores políticos brasileiros estão fazendo em razão destas evidências. Ganha um doce quem informar. Em geral os gestores políticos só dão bola para obras que comecem e terminem em seus períodos no executivo. Como as obras para o aquecimento são de longo prazo, sequer começam.
Os negacionistas e o início desta seita
Para piorar, atualmente, em Brasília impera negacionismo que começou a surgir ainda dos anos 50 do século passado quando a indústria do tabaco comprou cientistas para escreverem laudos falsos negando que o tabaco provocava câncer de pulmão. A situação se repetiu nos anos 80 com a indústria do petróleo norte-americana copiando o modelo para que cientistas negassem o aquecimento.
Hoje, como se sabe, ninguém duvida seja do câncer de pulmão provocado pelo tabaco, seja sobre o aquecimento global. A exceção fica por conta de Donald Trump, nos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro & filhos, no Brasil.
2020, chances de 99,9% de ser o ano mais quente
Segundo o USA Today, “Mesmo que 2020 acabe não sendo o ano mais quente, a NOAA disse que há 99,9% de chance de que 2020 termine entre os cinco anos mais quentes já registrados.”
Segundo a NOAA, “As temperaturas recordes de janeiro a março foram vistas em partes da Europa, Ásia, América Central e do Sul, bem como nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico Ocidental.”
Os registros de temperatura global datam de 1880.
Temperaturas acima da média no século 20
Ainda segundo a NOAA, “Março de 2020 em si foi o segundo março mais quente registrado, perdendo apenas para março de 2016 (2016 foi o terceiro ano consecutivo mais quente).”
“Os 10 meses de março mais quentes ocorreram desde 1990. Março de 2020 também foi o 44º março consecutivo e o 423º mês consecutivo com temperaturas acima da média do século 20.”
Fracasso do Acordo de Paris pode custar US$ 600 trilhões
É o que diz a manchete do independent.co.uk de abril de 2020. Pois é, não bastam os brutais prejuízos da pandemia que nasceu de nosso descaso com o meio ambiente. Se fracassar o acordo, teremos mais US$ 600 trilhões na conta.
“O fracasso das nações em impedir que as temperaturas globais aumentem mais de 1,5° C do que na era pré-industrial pode custar à economia mundial mais de US$ 600 trilhões até o final do século, alertam novas pesquisas.”
“De acordo com as últimas estimativas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, as temperaturas globais já estão em curso para atingir 1,5° C de aquecimento entre 2030 e 2052, o que causaria “danos dramáticos”, diz a nova pesquisa. Em apenas 80 anos, nossas trajetórias atuais significam que o planeta vai aquecer entre 3º e 4° C, causando devastação e levando a milhões de mortes.”
Ainda há tempo, mas cada vez menos
Segundo o independent.co.uk “a equipe internacional de especialistas em clima simulou os custos da ação cooperativa global em uma variedade de cenários.”
“Escrevendo na revista Nature Communications, eles previram que o planeta poderia ganhar US$ 336-422 trilhões em 2100, se medidas fossem tomadas rapidamente para manter o aquecimento a 2C e 1,5C, respectivamente. Os autores afirmam que uma ação mais rápida e precoce fornecerá uma melhor chance de evitar o desastre, mas significaria custos mais elevados no curto prazo.”
Em 2020 o Brasil provavelmente não vai cumprir suas metas. As dramáticas queimadas no Pantanal e na Amazônia, para não falar em incêndios em vários outros locais, já lançaram mais dióxido de carbono na atmosfera do que os cortes provocados pela pandemia.
Para nós o mais impressionante desta situação é que ela parece não afetar os brasileiros. A mídia abre pouco espaço ao tema, e as redes sociais praticamente ignoram o assunto. Vivemos em outro planeta?
Mas, para aqueles que acreditam na dramaticidade da situação, há sim o que fazer: vem aí eleições municipais. Procure conhecer as plataformas ambientais de seus candidatos. Nossas cidades são despreparadas para os dramáticos efeitos dos eventos extremos que já começaram e que fazem com que a mais rica delas, São Paulo, naufrague fragorosamente todos os anos.
O prejuízo de agora talvez não seja seu, mas será de seus filhos e netos.
Pense sobre isso e faça sua parte.
Assista ao vídeo da Organização Meteorológica Mundial – WMO – e saiba mais
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Fontes: https://www.usatoday.com/story/news/nation/2020/04/16/global-warming-2020-expected-warmest-year-record-noaa-said/5144767002/; https://www.terra.com.br/noticias/climatempo/calor-chega-a-quase-44c-em-sc-e-bate-recorde,dd28aa2a3660ef4045933689b6f296f99j0kpz3t.html; https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/10/01/mais-de-40c-8-cidades-do-interior-de-sao-paulo-batem-recorde-de-calor.htm; https://www.canalrural.com.br/noticias/tempo/tempo-brasil-recorde-calor-deserto/; https://www.nytimes.com/interactive/2020/04/19/climate/climate-crash-course-1.html; https://climate.nasa.gov/resources/global-warming-vs-climate-change/; https://www.independent.co.uk/environment/climate-crisis-paris-agreement-economic-cost-study-university-beijing-a9466406.html.
Fonte: MAR SEM FIM