No mais das vezes os dias são tão comuns, que, nada de surpreendente acontece, como, nada que seja interessante ou importante que possa servir para provocar reflexões. Mas, num dia dessas monotonias diárias, ao estar numa conversa descontraída com dois amigos, também eles com suas idades já avançadas, um assunto chamou-me à atenção.
Por causa dos noticiários da mídia, os quais, para muitos são como alimentos mentais para preencher os seus cotidianos, um deles discorreu sobre as tensões que ocorrem entre os israelenses e os palestinos e a guerra árabe-israelense dos seis dias de 1967 que foi vencida pelos israelenses e acrescentou que, por eles serem do povo preferido por Deus, nunca eles serão derrotados.
Perguntei se ele acreditava que os israelenses são mesmo do povo escolhido, preferido por Deus e ele respondeu que sim. Isso, naquele dia teve uma importância para provocar reflexões depois do término daquela conversa entre amigos. Deus faz escolhas? Ele tem preferências? Ele é seletivo? Se Ele tem uma raça preferida, isso não é uma injustiça divina para com as outras raças? Isso não seria uma das causas da inimizade ou mesmo do ódio entre os árabes e os judeus? Não recorrendo às histórias do passado de donde e de quando teve início essa idéia de que Deus escolheu o povo judeu como sendo o seu favorito, nesta atualidade novas reflexões sobre tal idéia podem ser diferentes da idéia que teve início no passado.
Nesta época, embora ainda existam muitas pessoas simples que quando elas ouvem o nome Deus, o imaginam como sendo uma entidade espiritual até mesmo tendo semelhança com o homem tendo também consciência. Para muitos, os mais modernos, Deus não é uma entidade, Ele é energia. A energia que abrange todo o mundo, toda a criação material e imaterial, toda a criação orgânica e inorgânica.
Temos neste nosso mundo o fluxo de energia de vida que anima e flui entre todos os seres vivos. Ainda misteriosa, também para a ciência, a energia de vida não tem opção de escolha por aonde vai se manifestar. Se manifesta conforme existam quaisquer corpos físicos preparados para acolhê-la.
Quando pensamos em Deus como Ele tendo preferências, não o estamos comparando com as funções mentais dos seres humanos? Estes sim é que se sabe que eles têm a capacidade da escolha. Podem optar pelo que é certo ou errado. Aliás, podem escolher o que querem e o que não querem isso faz parte de suas vidas. Se Deus é energia assim como muitos acreditam, energia é atividade, é potência, é destinada para atuar e não para optar entre o que quer e o que não quer.
Como exemplo nós temos a eletricidade. Essa energia não tem o poder de escolher algum aparelho elétrico que lhe seja preferido para nele atuar. Também, o sol não tem predileção por algum lugar especial onde a sua energia diariamente vai estar.
Quanto aos judeus, se sabe que muitos deles são muito inteligentes. Eles são a maioria entre aqueles que ganharam o Prêmio Nobel. Quanto a eles serem da raça ou do povo preferida por Deus, isso é transcendental demais para que a nossa consciência terrena possa avaliar. Existem tantas outras “coisas” que são transcendentais para a nossa compreensão e mesmo assim muita gente atesta a “realidade” delas.
Altino Olimpio