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18/11/2019
Convém não pensar

Várias das práticas ensinadas para a meditação são sobre o não pensar. É se relaxar e tentar evitar o fluir de pensamentos “inconvenientes” para o momento meditativo, pois, eles dificultam essa intenção que é a da busca da paz momentânea. Os pensamentos que surgem sem terem sido desejados, eles são intrusos e impertinentes. São antagônicos para o silêncio mental necessário para a prática da meditação quando por ela se busca a solução de algum problema que possa ser receptivo pela parte subjetiva do homem e, compreendido, então.

Entretanto, impedir os pensamentos indesejáveis nos momentos em que se queira meditar é muito difícil. Para evitá-los recomenda-se entrar num estado profundo de relaxamento. O estado cerebral alfa que é de 7,5 a 14 ciclos por segundo, para assim, afastar os pensamentos que interferem com a necessidade da ausência deles. Existem explicações que o nosso “Eu” ou nosso “ser” verdadeiro encontra-se na total ausência de pensamentos, naquele esquecer-se de si mesmo. É o estar da nossa consciência sem consciência. Isso parece um paradoxo, pois, o “não estar em si mesmo” no vazio isento de tudo quanto foi vivências ou experiências desde a infância até a maturidade, essa isenção de si mesmo é que é o Eu verdadeiro?

Então, a nossa personalidade que é tudo o que somos e tudo o que temos sido desde a infância até então, não é o nosso verdadeiro Eu? Mas, nós só “identificamos” os nossos Eus com tudo o que tenhamos sido desde o passado até este presente. Sem tal identificação é como se nós fôssemos apenas criaturas inconscientes e insensíveis. Tendo-se memória isso é “ser” e se conseguirmos “não tê-la” enquanto meditamos isso é ir para o “não ser”. Como ensinam, é a situação propícia para o nosso desejado estado sem memória e sem a nossa história para ficarmos receptivo às intuições que possam nos surgir espontaneamente. Afinal, tudo o que somos e tudo o que fomos e tudo o que pensamos e conceituamos seria o nosso verdadeiro Eu ou ele estaria oculto e a parte de tudo o que tenhamos sido até agora?

Altino Olimpio

Comentário:

Oswaldo Muhlmann Junior - Ordem Rosacruz - AMORC-GLP - Qua, 30/10/2019

Bom assunto para se refletir. E na verdade, a “meditação” consiste em se colocar a mente num estado passivo, introvertido, “sem pensamentos a nível objetivo e subjetivo”, deixando que apenas o subconsciente atue como se estivéssemos “dormindo”, em estado de sono profundo, mas neste caso, em vigília, acordados, mas totalmente abstraídos do mundo exterior. E isso só se consegue aprofundando o estado de consciência, onde comparativamente a mente objetiva é o lado de fora do “iceberg” e o eu interior, a mente subconsciente o lado imerso e profundo da nossa consciência.

Portanto, na meditação estão implicados os processos de concentração inicial, contemplação ou reflexão, num segundo momento, para posterior abstração ou liberação da consciência, colocando-se a mente num estado de passividade absoluta, isenta de quaisquer pensamentos, para que só a mente subconsciente atue em sua profundidade – como dissemos, é como um “sono” em estado de vigília.

Quem consegue isso, se beneficia em todos os aspectos, podendo provir a posteriori intuições e inspirações muito importantes para o nosso “caminhar”. Reflitamos!