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11/07/2006
Guerras e finanças

Os Estados Unidos da América são os falcões das finanças e das guerras no nosso mundo globalizado. De um lado, a América é a locomotiva da economia mundial e, do outro, a patrulha militar do globo. É tentador, pois, estabelecer as relações entre as aparentemente distantes forças do dinheiro e das armas para a hegemonia americana no planeta. Para tanto, as relações dos EUA com os focos de conflitos devem ser investigados.

EUA e IRAQUE

A invasão dos EUA no Iraque tinha como pretexto a existência de armas de destruição em massa em poder de Saddam Husseim. Depois de três anos de massacre e fustigação, nada foi encontrado, mas o motivo bélico ficou claro: o petróleo iraquiano. De fato, a dependência dos Estados Unidos ao ouro negro dita o controle geopolítico do governo norte americano no mundo. O preço dessa guerra se revela mais alto que os falcões poderiam calcular. O preço do petróleo cresce e a popularidade do Presidente americano, George Bush, despenca. A guerra continua.

EUA e IRÃ

O Irã, desde a ascensão dos Aiatolás, entrou para o clube de paises que compõem o “Eixo do Mal”, denominação dada pelos americanos para as nações não alinhadas ao governo de Washington. A tensão entre os dois paises atinge agora o auge por conta do programa iraniano de desenvolvimento de combustível nuclear. Para os EUA, trata-se de camuflagem para uma corrida armamentista. O Iran já desenvolve sua bomba atômica. Se for verdade, os falcões tomariam a decisão de declarar guerra ao Irã para impedir a hegemonia desse país no mundo árabe? Só se não temessem deflagrar a terceira guerra mundial.

EUA e AFEGANISTÃO

A promessa dos EUA de pacificar e colocar o Afeganistão no caminho da democracia não está sendo cumprida. Líder da coalizão que enfrentou os Talibans, os Estados Unidos se vêem em volta com os “rebeldes” afegãos e a desestabilização da política de intervenção do “progresso americano”. A lição é que nunca na história uma intervenção militar levou a democracia ao país submetido às armas. Um retrocesso definitivo nessa região explodiria o preço do petróleo, no mínimo.

EUA e CORÉIA DO NORTE

Considerado pelos Estados Unidos o maior párea do “eixo do mal, a Coréia do Norte voltou a cena da corrida armamentista com os testes de mísseis de capacidade nuclear de longo alcance. Chegaram perto da costa japonesa. No dia de comemoração da independência americana, Pyongyang anunciou que já tem a bomba atômica. Provavelmente seja verdade. Então, por que não declarar guerra a Kim Jong Il? Porque a China e a Rússia não querem. E o Japão que sofra. Enquanto isso, a Coréia do Norte distribuiu bilhões de dólares - fabricados lá mesmo – ao redor do mundo.

EUA e VENEZUELA

Chavez é o chefe da América Latina e o seu discurso anti-americano ganhou nesses últimos dias mais um nicho de aliciamento de combatentes contra a única superpotência planetária. A Venezuela entrou para o Mercosul, que é um dos maiores exportadores de combustível para o país de George Bush. Por enquanto, os falcões avaliam que Hugo Chavez não representa ameaça aos interesses americanos no subcontinente, apesar da crescente onda de nacionalismo e autoritarismo nos recentes governos eleitos ou quase eleitos na América do Sul.

EUA e CUBA

O combalido Fidel Castro parece o poente de um dia que se vai, aos olhos dos falcões. Talvez a concessão de palco para os discursos anti-americanos ou as constatações de torturas e prisões ilegais na prisão de Guatanamo faça uma outra leitura em desfavor dos EUA na América Central. O que conta é a propaganda de guerra. Cuba já não é mais uma ameaça militar – ninguém postula colocar mísseis de longo alcance nessa ilha. O imperialismo econômico é o foco da batalha.

EUA e ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Vítima dos maiores atentados terroristas de todos os tempos em 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos poderiam ter conquistado várias guerras. Os ideários das armas e das finanças impuseram suas forças. Hoje, os EUA são mais um problema que uma solução para os Estados Unidos da América.


Hermano Leitão / JAS