O presidente Lula se gaba por ser um iliterado que chegou à Presidência da República. Enaltecer a dispensa da educação formal para ascender ao mais alto posto político do país parece uma apologia ao analfabetismo. Se fosse apenas um discurso, poderíamos fazer ouvidos de mercador para mais uma idiossincrasia de palanque eleitoral. No entanto, esse mote vai à prática requintada de desprezo a um instrumento de salvação nacional. Quando eclodem os ataques de violência urbana, os especialistas são unânimes em apontar o investimento na educação para sanar os diversos males que assolam o país. Porém, no recém parecer das contas do governo federal de 2005, o Tribunal de Contas da União destacou que o governo Lula não cumpriu a Constituição Federal, ao deixar de investir o percentual mínimo de gastos com a erradicação do analfabetismo e incremento no ensino fundamental.
Falência.
Na prática, a educação vai mal. Professores desestimulados e despreparados. Universidades federais em frangalhos. Ministro que se esforça para ser pelo menos um coadjuvante na política educacional do país. Programas assistenciais substituem livros e material escolar. Escalada de cursos “superiores” – curta duração e caça níqueis. Muitos são os fatos Recentemente a Universidade de Brasília - UnB teve o fornecimento de energia elétrica cortada por falta de pagamento. Outras várias suspendem aulas e cursos por falta de condições físicas ou perigo de desabamento de prédios. Comércio de drogas, de produtos pirateados ou mesmo atividades de comércio de roupas, cosméticos e outros são as atividades extra-curriculares de alunos e professores.
Pobre cabresto
Não é difícil compreender a razão de o Presidente Lula ter sucesso no meio dos semi-analfabetos. De fato, as últimas pesquisas eleitorais para o pleito de 2006 indicam que o favoritismo de Lula nesse precoce início de campanha se deve principalmente ao grande contingente de eleitorado pobre e semi-analfabeto do Nordeste. Nessa região, funcionam as políticas assistencialistas, como o “bolsa família”. Lula conta ainda com a solidariedade de José Sarney e Renan Calheiros, que se rendem ao poder do cofre, da caneta e do Diário Oficial da União. É bom deixar claro, aqui, a ordem desse esquema: os políticos adotam as “políticas” não educacionais em proveito próprio, apesar do povo.
Oportunidade de educação
Gilberto Freyre acertou em cheio sobre o caráter nacional. Ao valorizar a miscigenação entre brancos, negros e índios, a importância do escravo na vida afetiva e sexual do país, e considerar o engenho de açúcar a raiz da vida social brasileira, derrubou a visão de que as diferenças raciais explicariam as desigualdades sociais e as imensas disparidades nos destinos das nações. Para ele, não existe raça melhor ou pior, mas, sim, diferença de oportunidade de educação e de exercício da cidadania.