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28/11/2017
O pesadelo terminou num sonho bom

Como no passado os reis davam moedas de ouro para quem decifrasse seus sonhos, também eu pagaria para quem decifrasse o meu. Depois de comer tanta feijoada fui pra cama dormir com a barriga pra cima. Dizem que essa posição não é boa porque facilita termos pesadelos bem pesados (risos). E foi o que me aconteceu. Sonhei que estive voando como um pássaro por todos os lugares da Cidade de São Paulo e em todos os lugares onde havia radares nas ruas ou avenidas eu vi muita gente aglomerada olhando para eles, revoltadas, gritando e até ameaçando derrubar alguns deles. Qual teria sido o significado desse sonho? Logo o esqueci, mas...

Noutra dia comi muita feijoada outra vez, outra vez sonhei e também voei. Entretanto desta vez tudo esteve calmo em todos os lugares que havia os radares. Desci das alturas, entrei numa gaiola... Ah não, entrei no meu carro e passei por um radar acima da velocidade permitida. E agora, pensei, estou numa cidade donde é infalível a indústria das multas, indústria esta, legalizada por lei, por vereadores, por deputados, por prefeitos, por governadores e até por bajuladores de políticos. Só os cidadãos é que não foram convidados para aprovar tal lei. Coitados, eles que são sem impunidade para lamentar.

Ainda no sonho tive uma agradável surpresa. Recebi uma correspondência onde se via meu carro fotografado por um radar acompanhado por esta inscrição: Prezado senhor, foi com muita tristeza para esta administração um radar ter flagrado o senhor e seu carro trafegando acima da velocidade recomendada pelos nossos sinais de transito. Pedimos-lhe, por favor, que não repita essa façanha abusiva porque, isso demonstra falta de educação. Se esse fato se repetir somos obrigados a atraí-lo para uma reunião com um dos nossos diretores do transito, com o prefeito e com o governador. Não gostaríamos que o senhor passasse por isso e fosse até morrer de vergonha.

Nós nunca multamos quem comete esse delito porque o nosso povo com a cultura que tem jamais iria permitir essa tão escabrosa e tão traiçoeira penalidade. Venha até aqui tomar um cafezinho conosco para ficar ciente do carinho com que sempre tratamos os nossos motoristas. Até colorimos nossos semáforos de verde, amarelo e vermelho para agradá-los.

Que pena! Por que tive que acordar quando estive no melhor do sonho? Nem preciso de alguém para decifrar o significado desses meus sonhos. Eles “falam” por si mesmos. Eles foram proféticos. Num futuro próximo os radares só irão dar boas-vindas aos motoristas. Sinto pena dos cidadãos de São Paulo porque belos sonhos como estes que sempre sonho nunca eles sonharão igual (risos).

Altino Olympio