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27/11/2017
Moda que incomoda

Quem vive por muito tempo pode “olhar” para o passado e “ver” como tudo tanto mudou. Naqueles tempos de quando quase ninguém possuía telefone e nem automóveis, as bicicletas eram mais velozes do que o caminhar a pé. Distrações só existiam em clubes nas localidades donde seus moradores poderiam familiarmente frequentar. Naqueles bailes de outrora, então, até era proibido casais dançarem de rosto colado. Sempre algum diretor de clube tentava impedir essa “pouca vergonha” (risos). Lembro-me de quando surgiu a moda da mini-saia e como ela foi tida como sendo indecorosa por muitos dos que se julgavam moralistas da época. Mesmo diante das críticas a moda da mini-saia prosperou. Isso, naquele tempo que, em qualquer lugar que se fosse só se conseguia ver até os joelhos das mulheres. O restante sempre ficava encoberto pelas vestimentas delas e só pela imaginação se podia “ver” aquele mistério que se ocultava.

Parte do mistério veio a ser revelado quando surgiu outra moda, a moda do shortinho, muito mais atraente para a apreciação masculina. A primeira vez que vi uma moça de shortinho e exibindo umas pernas tão bonitas foi lá na Cidade de Itatiba. Num sábado à noite estive nessa cidade para assistir ao footing, que, na década de sessenta do século passado, na Praça da Matriz de suas cidades os jovens praticando footing se flertavam quando pela praça as moças giravam num sentido e os moços noutro. Em suas voltas pela praça eles se entreolhavam quando se cruzavam e disso surgiram muitos namoros e casamentos. Mas, voltando à moça de Itatiba que esteve trajando um shortinho curto, antes de ir para a praça principal daquela cidade, eu estava numa padaria quando ela com outras moças lá entraram.

Eu nunca havia visto tão de perto uma cena tão cativante como a da moça de shortinho e, além disso, ela era muito bonita. Por uns bons momentos perdi a noção de quem eu era. Meus olhos se desertaram do meu comando e ficaram detentos da visão daquela moça tão exuberante. Será que ela também iria participar do footing lá na praça? Assim pensei quando a vi saindo daquela padaria deixando aquele ambiente tão sem graça sem ela (risos). Mas, no vai-e-vem do footing lá na praça eu a procurei e não a encontrei. Só ela eu quis ver e por isso não me importei de ver ou flertar com tantas outras que ao se cruzarem por mim me olharam com simpatia. Neste de agora “tudo mudou”, que pena, os footings nas praças não mais existem. Agora, para moças e até para as não mais moças, os shortinhos fazem parte de seus cotidianos. Banalizados já não causam as mesmas imaginadas sensualidades como causavam outrora nas suas novidades.

 

Altino Olympio