O Telefone.
Eram 2 horas da manhã, quando o telefone de minha residência tocou!
Depois de alguns segundos, entre susto e surpresa, consegui atender...
Demorei um pouco para descobrir de quem era aquela voz aflita, me dizendo:
- “Selma... preciso muito de você... pelo amor de Deus... se alguém ligar perguntando se estávamos conversando agora a pouco no telefone... você diz que sim.”
Fiquei muda, mas como ela insistia muito se eu a estava ouvindo, saí do torpor e consegui perguntar “quem seria essa pessoa que poderia me ligar?”.
Ela então respondeu que provavelmente seria seu marido, mas que se outra pessoa qualquer ligasse, que eu deveria confirmar essa nossa conversa na madrugada. E que ‘sim’, eu tinha um telefone celular, com o numero tal...
No que eu imediatamente respondi a ela:
- “Como eu posso dizer que tenho esse aparelho se na verdade eu não o tenho?”.
Mas aumentando minha surpresa ela disse:
- “Assim que amanhecer você receberá o celular que tem esse numero e peço que o decore agora”.
Nessas alturas, eu já estava bem desperta e tentando entender que confusão era aquela, que minha cliente tinha me envolvido.
Claro que eu sabia muito da vida dela... Todos temos nossos segredos e nossos confidentes.
Logo cedo, antes até de eu começar a atender, recebi um portador que me entregou numa caixa, um telefone celular e uma carta explicando o que tinha acontecido.
Essa minha cliente, tinha o hábito de conversar de madrugada pelo celular com certa pessoa, um relacionamento extraconjugal.
Mas, naquele dia em especial, algo tinha ocorrido e seu marido acordou e a viu no telefone, claro, estranhando muito alguém estar conversando numa hora daquelas...
Ela, pega de surpresa, logo disse a ele que estava falando comigo, pois sabia que tínhamos um bom relacionamento.
Naturalmente ele desconfiou e foi buscar na conta de telefone da residência, se haviam mais ligações para o tal numero, já que naquela época, eram pouquíssimas pessoas que tinham um aparelho celular.
Sem saída ela confirmou que o telefone era meu e que eu sofria de depressão, então, quando eu tinha crises, ligava para ela... Olhem só a confusão que essa moça me envolveu!
Fiquei sem saber como sair daquela SAIA JUSTA...
Mas a situação complicou ainda mais, quando eu recebi a primeira ligação do marido dela, que me fez uma série de perguntas, uma verdadeira sabatina, querendo ter certeza que de fato o telefone era meu e que eu ligava para ela de madrugada.
Achei que logo após essa ligação, a história tomaria um rumo final, mas infelizmente não foi assim.
Ele, o marido, me ligava todos os dias e várias vezes, atrapalhando meu trabalho e me colocando numa situação cada vez mais difícil.
Um dia, ligou e queria de qualquer forma que eu provasse que o telefone era realmente meu, já que naquela época como disse, eram poucas pessoas que tinham o celular e eu não estava no hall das que ele acreditava pudesse ter um.
Foi quando eu disse para minha cliente, que não tinha mais condições de bancar aquela história e que ia falar dura com ele ou no caso ela me tirasse daquela enrascada.
Claro, bateu o desespero na moça...
Numa noite ele me ligou e eu já não sabendo o que dizer, tinha pedido ao meu marido que me ajudasse naquela situação. Foi o que ele fez, conversou com ele pediu que não me ligasse mais, e que se entendesse com a esposa. Deu certo!
Ele parou de ligar. Eu deixei claro para aquela cliente que não tinha gostado e devolvi o celular.
Naturalmente, ficou constrangedor continuar a atendê-la.
Eu já tinha até me esquecido desse episódio, quando um dia, eu e meu marido, fomos num barzinho que costumávamos ir semanalmente.
Tínhamos o hábito de ficar horas conversando, tomando uns chopinhos e comendo, aliás já tínhamos até uma turma que frequentava o mesmo lugar e com isso passávamos boas horas nos divertindo.
Foi num dia desses, que ao resolvermos ir embora, pedimos ao garçom a nossa conta e eis que para nosso espanto, ele nos diz:
- “A conta de vocês já está paga!”
- “Como assim?”
Ele então nos apontou um senhor numa outra mesa e nos disse que ele havia pago nossa conta.
Ao ver que nós estávamos olhando espantados para ele, aquele senhor, se aproximou de nossa mesa, nos cumprimentou e disse:
- “Eu sou o dono do telefone celular... Só queria agradecer o que vocês fizeram por nós”.
Já que eu nunca o tinha visto, até hoje me pergunto: “como ele me conhecia?”.
Aceitamos o agrado e só lamentei por não ter gasto mais...
Rsrsr.
Selma Esteticista