Nesta época tão turbulenta quando assistimos (a maioria só assiste) o descaso com que muitos (talvez a maioria) políticos consideram o povo, com os absurdos que cometem, com suas mentiras, suas traições, com suas corrupções e com a aprovação de leis que prejudicam e escravizam os habitantes deste país repleto de pessoas distraídas, omissas e tornadas confusas, parece mesmo que tais criaturas repletas e completas com tanta mordomia e tantos privilégios sejam desprovidos de alma. Então, talvez eles não acreditem que ela exista e por isso cometem suas aberrações, sem se preocuparem com o “prestar contas” posteriores às suas mortes, se é que isso acontece mesmo com a existência da alma, como muitos acreditam.
Platão, o filósofo grego, cita Sócrates como dizendo: “A alma, se ela partir pura, não arrastando consigo nada do corpo parte para o que é como ela mesma, para o invisível, divino, imortal e sábio, e quando chega ali, ela é feliz, liberta do erro, e da tolice, e do medo, e de todos os outros males humanos, e... Vive em verdade por todo o porvir com os deuses.”
Com o avanço da ciência e com reflexões outras, uma minoria descarta a existência da alma. Ela estaria a significar o ser real de cada ser humano que sobrevive à morte do corpo donde temporariamente reside. Nisso seríamos dualidades, isto é, corpo e alma. Contrapondo-se, existem aqueles que negam essa dualidade. O que para maioria a alma significa, para eles ela não se explica e nem se aplica. Para eles, ao invés de alma, o termo mais coerente seria o corpo psíquico. Este representa tudo o que de autônomo funcional temos dentro de nós como o batimento cardíaco, circulação do sangue, digestão, e tudo o mais que sem a nossa percepção concorre para a nossa existência física e mental. Intrínseco ao corpo onde existe, o corpo psíquico não tem a mesma conotação que tem a alma. Ele não está caracterizado como sendo a nossa personalidade, aquela que sobrevive ao deixar o corpo. Ele não está sobrecarregado de responsabilidades como dizem da alma, inclusive, sujeita a recompensas ou punições posteriores.
O corpo psíquico, sendo nossa energia vital e sendo subconsciente para nós, ele mantém nossa constituição corporal normal e saudável, mas, não está a sugerir sua continuidade depois da morte do corpo, como assim, sugere a tida existência da alma. Ela (desde os tempos do filósofo Platão e de Sócrates, seu mentor) se fez arraigar no condicionamento humano, embora, tenham surgido controvérsias sobre ela. Corpo psíquico mais corpo material unificados resultam numa unidade para a existência e o se manifestar da consciência. É ela que talvez mais tenha sido confundida como sendo a alma. Entretanto, a consciência sobrevive depois da morte do corpo sem seus meios físicos como o cérebro, neurônios, sistema nervoso e etc. que lhes dão sustentação? Desprovida de tais meios pela dissolução do corpo como iria se manifestar na invisibilidade do depois da morte? A consciência parece que, ela só é específica para atuar no mundo em que vive, enquanto vive. Quanto ao conceito da alma considera-se que ela é uma parte imaterial do homem. Quem se atreveria a dizer que ela não existe se ela é a razão da existência de qualquer e de todas as religiões do mundo? Que seria das religiões se ela não existisse? Parafraseando Sócrates: Só sei que nada sei... E dos que sabem nem quero saber (risos).
Altino Olympio