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10/01/2017
Adeus ano velho

Adeus Ano Velho!

E assim ele se foi!
Sem deixar saudade porque seu deleite foi uma verdadeira vaidade, sem sabor de alívio aos tolos expectadores.
E já se foi, porque sorriu da desgraça e fez graça com sua majestosa fanfarra nas veias esgotadas desta gente verdadeiramente já sem garra.
E vai dizer que foi bom, porque no final sempre há o orgasmo da despedida do que matou as feras feridas com maestria consignada.
Não diz nada que o faça regressar, por favor, dá um sorriso a este pobre que já tarde se vai, agradece e emburrece neste momento de adeus para que não reste dúvida que só ficará o sabor de suas festas de botequim nesta cascata de falências.
Vai querido, que sua vez já passou e matamos nossos sonhos esperando sua passagem de tempestade e falsos presságios.
Vai que já não dá mais para seguir com esta gargalhada de destino que caçoa da multidão desesperada por um fim a este seu melancólico despertar.
E como ensinou este amigo da onça enjaulada no circo das estrelas decadentes.
Ahhhh, ensinou!
Ensinou porque deixou a certeza que o dinâmico é chave vital para lutar por um novo sol, ensinou porque provou que sem suor e força nas cadeiras não há pó que voe um milímetro em direção a profunda sujeira.
Ele gargalhou das confabulações desta humanidade em tentar ser mais e não perder por menos.
Mas esta aí! Também provou que tem que ser gente em essência para não sucumbir.
Provou que sem choro de mãe que pariu, não tem doce de fim de tarde.
Fez arruinar em súbito os sonhos, mas nascer força dos que valentes o enfrentaram.
Não diz nada, mas sai correndo quando ele virar a esquina e conta uma história bem bonita que não envergonhe aqueles momentos que você disse que se renderia.
Fala a verdade (mas dentro de seu peito): conta que doeu a angústia do apego e que seu breu foi mais escuro que as profundezas do fundo no mar morto! Assuma que foi difícil ser decente neste breve tempo tão eterno que, por seu conceito na sua total incongruência, de breve nada teve, mas de eterna a experiência, em nada poderá negar sua involuntária existência.
E torcendo estes meses para a sorte de ser achado no meio da multitude desamparada, muitas vezes acreditou que seria o escolhido por sensata adivinhança do prêmio pelo fardo carregado!
Insolente, teve que tomar os tragos do seu próprio veneno que já remédio te fez verme e de sua invalidez te fez gente.
Então vai assim, já sabendo que foi carnaval enquanto o mundo esperneava por seu fim.
Ingrato povo que não compreendeu seu “sensato” encanto!
Ele disse: “não”, e depois disse: “sim” e por fim disse: “você fez seu não e não eu seu sim”!
Agora que se vai, deixa a garganta desenfreada num sonido pequeninho comparado a seus escandalosos gritos de primários passageiros de uma nave de outro mundo em meio ao vilarejo desta vida carcada de maus entendidos nas palavras bem aborrecidas.
E para o satisfatório final, você brilhará porque dos inúmeros caprichados embebedados em tonterias e desperdiçados em falsa vida, um você não poderá deixar passar: aprenda – é imprescindível sonhar!


Daniele de Cássia Rotundo