Hoje a recomendação médica é caminhar para melhorar a saúde e o condicionamento físico. O que vale ainda, para a estética, para emagrecer, para remodelar o corpo e para alimentar um pouco da vaidade de todos nós diante do espelho. É importante gostar do que se vê.
Nesta linha de pensamento iniciei minhas caminhadas. Primeiro, por querer salvar minhas articulações, não ganhar peso e fortalecer minha musculatura fragilizada. Segundo, por entender que, chegando aos 60, infelizmente, nos tornamos “reféns” de algumas limitações. E aí, só nos resta a determinação para enfrentar a maratona, sem lamúrias.
Mas, fala-se pouco sobre os benefícios psicológicos e emocionais da caminhada. Mandam-nos caminhar e a gente caminha porque, a dor diminui ou porque emagrece. Fica nisso. Ninguém sublinha o efeito mais importante das endorfinas liberadas durante o exercício. Ninguém fala sobre os milagres que elas produzem, muito mais, no cérebro que no corpo. Milagres mesmo! A energia curativa ao andar é conduzida por esta substância química altamente terapêutica, principalmente, em nosso emocional. Com as caminhadas constantes, tudo evolui neste departamento. O humor melhora, a autoestima se fortalece, a paz interior se sobressai, a harmonização íntima se estabelece, os contatos sociais se intensificam e as relações com o mundo e pessoas se tornam muito, muito mais tranquilas. A cada passo, a cada inspiração e expiração nosso metabolismo se ajusta, a capacidade mental é estimulada, os pensamentos se norteiam, a criatividade renasce e a alma, mais leve e gratificada, retribui... Com menos ansiedade e, consequentemente, menos dores. Então, se a ordem é caminhar, vamos caminhar. Como estou fazendo. Entre as árvores do meu condomínio, entre pássaros e borboletas que sobrevoam à minha frente e sob uma brisa suave e fresca nas deliciosas e iluminadas manhãs. E estou adorando. Cada dia mais.
Já no início dos passos me concentro em relaxar. À medida que vou prosseguindo, aumentando o ritmo, já percebo agradáveis sensações de felicidade. E caminho... Caminho pelas ruas bonitas e cuidadas por moradores tão caprichosos do bairro. Inspiro, expiro e reduzo a velocidade para, então, namorar a casinha linda e charmosamente arrumada, para admirar flores nas janelas e inebriar-me com vento suave tocando meu rosto. Acelero mais um pouco e alegro-me com o sorriso de pessoas que, diariamente, encontro. Paro, inspiro novamente. Expiro e, em seguida, admiro o pinheiro gigantesco, esbelto, que enfeita aquele agradável caminho delineado para os caminhantes. Continuo, converso rapidamente com amigos que encontro e elogio educadamente o homem que varre sua calçada, tornando aquele lugar ainda mais bonito e harmonioso. Inspiro, expiro e ando mais além, entre as veredas de um trecho solitário e quieto. É onde, faço minhas orações, conecto-me com aquele cenário verde, com Deus e com toda aquela fluidez e tranquilidade que ali habita silenciosamente e indiferente a tudo.
Ah! Como é bom poder usufruir desta paz, desta beleza natural. Como é bom viver neste lugar, reencontrar amigos e trocar afetos, mesmo que, num rápido ” bom dia”. Como é bom se sentir abençoada e grata por tantas dádivas em minha vida! Certamente, eu as deva merecer. Então, agradeço sem parar. E caminho, caminho.
Portanto, leitores, sigam-me nesta caminhada! Caminhem também! “Sem lenço, sem documentos, nada nos bolsos ou nas mãos”. Caminhem apenas com a disposição e com o coração amorosamente atento a estas belezas do caminho. Caminhem para ter saúde ou simplesmente para sentirem estas pequenas e grandes graças. Caminhem!!! Vale a pena!
Fatima Chiati