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10/05/2016
Amor, política e relacionamentos

Abrindo o Facebook, no dia das mães, fiquei encantada com tantas homenagens e singelezas a estas mulheres tão marcantes em nossas vidas. Gostei, além de tudo, de rever pessoas, que há muito tempo não via. Gostei dos textos carinhosos e gostei de ver o compartilhamento de emoções tão doces. Diferente de outros dias, quando predominam as  manchetes políticas que detonam com  o cotidiano das pessoas, abalando suas melhores e mais amistosas relações. Fico assustada. Ver política sobrepujando sentimentos é sempre preocupante. Nessa hora me dá uma tristeza, pois vejo algumas pessoas, ditas intelectualizadas, politizadas e cultas, valorizando muito  mais  as  ideologias que os  próprios sentimentos. É quando pergunto:

Afinal, como andam  estes assuntos sentimentais, amorosos e afetuosos? Que peso eles tem na vida das pessoas (ou de algumas pessoas)? Até que ponto elas  se entrosam simplesmente por afinidades filosóficas, pragmáticas ou surrealistas? Até quando elas se desafinarão em prol de opiniões obsessivamente partidárias, frias e ausentes de emoção?.

Tenho visto de tudo. E leio tudo pra entender. Surpreendo-me, me retraio, mas acompanho  tudo pra conhecer e quem sabe decifrar,  pessoas e sua estranhas facetas.
Descubro então, o quanto desprezo a indelicadeza daquele chato e persistente, que discute agressivamente, que  tenta convencer  com a superioridade dos donos da verdade. Descubro que me incomodo com aquele eterno incompreendido que revida a qualquer contrariedade e  fujo rapidinho  daquele ridículo “nerd” que, usa sua fenomenal inteligência para balizar suas relações afetivas. Descubro que aquele arrogante intelectual, submerso em seu estrelismo, é na realidade um ser cansativo, repetitivo e prepotente. Vive em constante defensiva, com o ego à flor da pele, posicionamentos duros, visando arrebanhar apenas elogios e confetes ao seu “ invejável conhecimento político”.

Descubro que é mais salutar, seguir e prestigiar “os normais”, os que não se inflam por seus conhecimentos e que opinam sem narcisismo. Descubro que gosto mesmo é das pessoas comedidas em seus palpites, que não abrem mão da gentileza nos relacionamentos por nada deste mundo. Muito menos por política. Descubro que gosto de pessoas que escolhem os convívios pela grandeza do outro como ser humano e não pelo nível cultural, intelectual ou profissional.  Descubro que gosto de gente que prioriza as relações, as amizades e  que as  seleciona pela emoção e não exclusivamente pelo brilho cultural. Descubro que gosto de gente que gosta de gente.

E aí, nas redes sociais, antes de curtir opiniões e textos faraônicos, passo a curtir as declarações afetuosas, as orações humanitárias ou  receitas culinárias, pois até elas aproximam famílias, amores e amigos num aconchegante e gratificante encontro.
Ando cansada de compactuar com a  desarmonia provocada por esta política instável, e que provoca  a divisão da nação tornando-a desumana num país  já, cruelmente dilacerado e corroído por desencantos éticos e humanos.

Se as redes sociais mostram a cara do Brasil, que cuidemos em apresentá-la sempre com uma autenticidade delicada, educada e com uma simpatia solidária  por um  mundo mais generoso e saudável ao convívio humano. Que preconizemos as relações e que aprendamos a profetizar muito mais sobre sentimentos, já que para isso ninguém precisa ser PhD em política ou filosofia. Amor, respeito, humildade e educação já serão suficientes, pois  o resto virá  como consequência.

Fatima Chiati