Corriam os anos 2000 .
A empresa onde eu trabalhava , enviou-me prá Belo Oriente MG , na Cenibra , participar de uma Parada Geral de fábrica de dez dias .
Logo cedo , apresentei-me á portaria , fiz os procedimentos administrativos e rumei para meu local de trabalho . Haviam mais ou menos 1500 homens empreitados para o evento . Um fervo . Almoxarifado á mil por hora , transito de empilhadeiras á milhão , material sendo usinado na unha , improvisadamente , enfim , uma bagunça organizada .
Chegou a hora do almoço e rumei para o restaurante . Um caos . Depois de meia hora de fila , consegui entrar , apanhar minha bandeja , coletar a gororoba ( até que não estava ruim ) , apanhar um suco e uma laranja e procurar um lugar sossegado prá comer .
Fui para os fundos do salão pois na frente , sem condições , muita gente almoçava . Arranjei um lugar , até que bom , ventilado e iniciei minha refeição ; Chegam então dois crioulos , tipo armário e sentam-se á minha frente . Só um me cumprimentou e atacaram , com fúria , suas bandejas de suprimentos alimentares .
No crachá de um deles , o mais educado , estava escrito João de tal e grafado á mão , com esferográfica , “ Jeléia “ ( com jota ) ; No outro mais sério , estava  impresso “ Apocalipse “ de tal . Ri para dentro pois era o primeiro Apocalipse humano que eu conhecia . Entabolei uma conversa com “Jeléia “ e falamos amenidades da vida de obra , hoje aqui , amanhã ali , depois acolá e etc .
Nisso , Apocalipse termina sua refeição , apanha sua bandeja vazia e sai sem  nada falar e sem se despedir . Nada comentei da falta de educação do crioulo mas não me contive no nome dele e perguntei ao Jeléia  - O nome dele é Apocalipse mesmo ????  Jeléia me respondeu  - É esse mesmo , Apocalipse PENTATEUCO  da Silveira .
Engasguei de tanto rir .
 

Fred Assoni