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28/03/2016
A Torre de Babel da política

O desamor e o ”desquerer” dos políticos ao povo são as desgraças que assolam a “pátria amada idolatrada”. No domingo, dia treze de março de dois mil e dezesseis, a maior concentração televisionada do povo brasileiro de todos os tempos se fez notar em ruas, praças e avenidas de todo o Brasil, tudo pela insatisfação nacional.

Para quem entende o idioma português, o que se via, se lia em cartazes e o que se ouvia era o pedido de impedimento da presidência atual. Se fosse aceita a verdade que em democracia o povo é quem manda, ele, ao invés de ter pedido, “teria ordenado, exigido e obedecido”. Fato contínuo, todos os integrantes da “comitiva da desordem” teriam que deixar seus cargos públicos. Se tivessem honestidade e caráter como qualquer ser humano trabalhador possa ter, “morrendo de vergonha” pelos seus atos contrários ao bem estar comum, eles iriam se esconder lá nas selvas amazônicas se suas vergonhas não tivessem morrido.

Alguns políticos falaram “acreditando” que o poder emana do povo. Também disseram “o povo” é quem paga por seus salários. Verdade, e são os salários mais bem pagos do mundo além das mordomias. Nas passeatas de protesto muito se ouvia aos gritos: FORA DILMA, FORA LULA! FORA PT! Dias depois essa senhora da cúpula do poder executivo do país, exímia como a ser do contra as reclamações do povo, ela, nomeou o seu protegido com um cargo dos mais importantes de sua gestão.

Desprezou totalmente o clamor dos protestos de insatisfação naquele nobre pensar “democrático”: Aqui sou eu quem manda.  É mesmo, na prática quem manda é quem está no “puder” com seus correligionários, lá em cima onde os intocáveis constroem suas tocas, longe e as escondidas do “despoder” que emana do povo. No decorrer da semana depois da avassaladora passeata de protesto, no Congresso e no Senado Federal, quem assistiu aos debates entre políticos deve ter se lembrado da Torre de Babel. Os prós e os contra da permanência da senhora inabalável no poder, se revezaram na tribuna na veemência de seus discursos.

De entremeio a isso, surgiram novas notícias derivadas de grampos telefônicos autorizados. Se não fossem tão graves serviriam para provocar gargalhada a conversa gravada entre a mandatária e o padrinho político dela. Essa conversa e outras com outros vieram a revelar a intimidade de conluio (pra não dizer sujeira) que existe por trás dos bastidores da política. Contra a presidente do repetir ter sido perseguida lá no passado (dando a entender como sem merecer), sabe-se de estar em andamento um processo de impeachment. Partidos políticos aliados ao governo se colocam contra. Entretanto, se há comprovação de desgoverno, se o clamor das passeatas de protesto tem razão de ser, isso deveria estar na pauta junto com as faladas “pedaladas fiscais”.

Esqueceram que “A voz do povo é a voz de Deus?” (risos). Se não há consenso entre os políticos nessa questão processual política é porque eles transformam tudo em batalhas, disputas de partidos iguais as disputas acaloradas de futebol, quando, “o ter ou não razão de ser” da circunstância é indiferente. Irritante para os brasileiros é assistirem a revelação de tantos fatos indubitáveis sendo distorcidos, desvirtuados e a reação política de desacreditá-los pelos afetados direta ou indiretamente por tais fatos. Suas “caras” vão ficar, ou deveriam ficar, gravadas na memória do povo para as próximas eleições. Por “falar” em povo, é difícil se conformar com ele de quando elegeu e reelegeu políticos já popularmente desonestos. Que povo foi aquele que elegeu políticos com ideal diferente dos eleitores democráticos que votaram neles? Nas eleições o voto é obrigatório. Isso não é democracia.

Milhares de pessoas comparecem às urnas sem saber em que votar, porque, não acompanham o desenvolver da política nacional. Para se livrarem do compromisso, “do dever de cidadão”, elas votam em qualquer um. Isso faz das eleições uma loteria da sorte. Como se sabe, muitas mulheres não gostam de ser importunadas nas horas das novelas (gostaria que alguém viesse a me desmentir sobre isso). Mas, nas horas dos noticiários elas estão à disposição familiar de quem precisar delas (risos). Notícias sobre políticas e conversa de políticos lhes causam desprezos. Então, nos dias de eleições elas votam igual aos seus maridos ou naquele político que uma vez ganhou a sua simpatia, sem se importar se ele é digno ou não de seu voto. Muitos dos deputados se dizem eleitos para o bem do povo e não para seus interesses particulares. Até parece que eles sabem que eu gosto de ser enganado.

                                                                                         Altino Olympio