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19/02/2016
Estamos cheios do vazio dos outros

Eu sempre achei que a pior coisa da vida

Era chegar ao fim dela sozinho

Hoje sei que na realidade a pior coisa

É terminar a vida cercado de pessoas

Que fazem você se sentir sozinho

 

Conclusão do ator Robin Williams (saudoso)

*21/07/1951 +11/08/2014 idade 63 anos

 

Ai é que está a realidade destes nossos dias

Cada vez mais as pessoas estão vazias

O Robin Williams se terminou em desgosto

Suicidou-se em dois mil e quatorze em agosto

Esta é a era de vivermos a sós na multidão

E no carnaval a alegria esconde à melancolia

É a teimosia do tentar derrotar a monotonia

Gente na obediência do sentir tanta carência

Por viver por fora ao invés de viver por dentro

A relevância é o viver só de insignificâncias

Ausências de valores criam o viver de aparências

Perdida a sociedade não acorda para a realidade

Não quer evoluir e só quer mesmo se distrair

Muitos insistem em ser e eles apenas existem

Não são poucos os que são muito ocos

Por eles somos cercados num viver sufocado

Muitos outros são apenas os descaminhos

E distante deles preferimos ficar sozinhos

Num viver sem hipocrisia livre de gente vazia

 

Altino Olympio

 

De: Sylvia karla Gatto  
Enviado: segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016 13:30
Para: altino olimpio
Assunto: RE: Muita gente cheia de vazio rsrsrsrsrsrs

 

Altino, não é paradoxal?
Nunca as pessoas se comunicaram tanto, interagiram tanto, viajaram tanto, transaram tanto, tudo tanto e quanto mais tanto, mais aparentam ser desgarradas da realidade e das pessoas. O conteúdo cedeu lugar ao superficial. Sozinhas por dentro e rodeadas no entorno. 


 Ouço muito dizer que não conseguem ficar sozinhas, que precisam ao menos do barulho da televisão ao chegar em casa pra ouvir algo ou ter a sensação de alguém na casa. Fico perplexa, como pode uma pessoa não gostar do seu próprio silêncio? Como pode alguém não suportar os seus próprios pensamentos? Como pode querer ouvir barulho justamente pra não pensar?

Musicas cada vez mais barulhenta pra não ter que conversar porque não têm o que falar.  Várias vezes em mesa de algum restaurante cansei de ver pessoas (jovens) e cada qual teclando seu celular. Fico olhando estarrecida, como podem pessoas sentarem-se numa mesa pra compartilhar uma refeição e não conversar? Já vi pai com filho de 5, 6 anos almoçando e o infeliz do pai não largava o tablet, sem trocar uma palavra com o filho e o menino se distraindo com qualquer coisa e até insistindo em compartilhar a telinha com o pai. Ô tristeza...

Eu, como falante que sou e adoradora de uma prosa e possuidora de uma língua muito solta e inquieta, fico estarrecida ao ver jovens e até casais terem mais assunto numa rede social do que "face to face". Isso é o culto à solidão. Mórbida solidão, diga-se de passagem, pois a solidão em si eu acho ótima, ficar sozinha, curtir suas músicas, ler seus livros, ter suas horas de privacidade, comer a hora que quer, dormir a hora que quer, do jeito que quer e quanto quer é muito bom. Ouvir o silêncio, escutando a própria voz interior que nos dá o tempo todo as intuições, os pressentimentos, os avisos, e tantas sensibilidades perdidas na ânsia do movimento sem fim do convívio humano. 

Ser solteiro é bom, a vida solitária pode ser enriquecedora, ser casado é bom, a vida a dois é o melhor aprendizado que podemos ter, (eu adoro), tudo é bom, dependendo da fase da vida que atravessamos, das escolhas que fazemos no momento. Viver um pouco de tudo, experiências enriquecedoras que vejo a maior parte das pessoas perderem as oportunidades pela simples razão de achar que é do outro a responsabilidade de fazê-las feliz e ficar sozinho é castigo.

Nunca os relacionamentos aconteceram tão velozmente e de forma tão variada e nunca a depressão esteve tão em moda, tão presente e tão permanente na vida das pessoas. 
Dizem que a humanidade evoluiu. Será? Tecnologicamente sim, mas, no sentimento, no comportamento, na real percepção das sensações acho que involuimos. Sensivelmente degradante tornou-se nossa paranoica sociedade.

                                                                                                         Sylvia Karla

 


Altino Olympio