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08/01/2016
E tudo passa, tudo passará...

Se saia por onde se queria

Nem precisava dizer para onde se ia

Aquela vila do interior se escondia da cidade

Entre matas, eucaliptos e araucárias

Era pacata e se ouvia o apito da fábrica

Mas aos domingos a fábrica não apitava

Tudo parecia mais quieto igual ao sol

Que mais esquentava se não havia vento

A rua de terra ficava deserta

Movimento só se via na correnteza do rio

Certa era a melancolia que se sentia

Ao pensar em quem também lá existia

Toda aquela gente fazia parte da alegria

Daquele lugar abençoado pela harmonia

Quando alguém de lá morria

A todos de lá muito entristecia

Naqueles dias em que o mundo emudecia

Tão pequeno eu já era a solidão

Era nela que muito eu me escondia

Para pensar na vida e no que eu seria

Aquele lugar me viu nascer e crescer

Naquele tempo de eu apenas saber ser

Ser o viver sem a nada me prender

A não ser no que eu só tinha pra viver

Que era aquele lugar pra eu nunca esquecer

Embora aquele lugar viesse a desaparecer

Mas se ele ainda existisse pra rever

Hoje seria lá que eu iria me esconder

Para me vingar do tempo que a transcorrer

Ano a ano me fez envelhecer

Afastando-me da alegria de criança viver


Altino Olympio