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10/12/2015
Amoras pisadas

Naquela saudosa rua de terra

Sob a sombra daquela amoreira

Que se sobressaia do quintal daquela casa

E que se alastrava por sobre a rua...

Quando perambulando por lá cheguei

Olhei para cima e vi sabiás que espantei.

Naquele chão manchado por amoras pisadas

Não ouvi ruídos de pisadas se aproximarem

Até quando saindo de minha distração

Eu vi passar aquela de quem hoje lembrei.

Ela nada disse ao apenas me dedicar um sorriso.

Naqueles momentos na sombra da amoreira

Na dispersão dos pássaros causada por mim

Na passagem dela pelo chão pigmentado de roxo

Das amoras caídas ao abandonarem seus ramos

Isso tudo era a vida tendo seus momentos

E também eu tendo tais momentos na vida.

Ela é o nosso existir de momentos conscientes

Subsequentes em ocasiões conscientes diferentes.

Hoje em um dos meus momentos de existir

Estive absorto ao olhar pela janela do quarto

Donde dá pra ver o “pé de manga” do vizinho.

O vento esteve balançando seus galhos

E neles todas as folhas muito se remexeram.

Foram instantes em que a natureza se impôs

Soberana no provocar lembranças felizes

Ela trouxe para a minha mente distraída

Aquela rua, aquela amoreira com a sua sombra

Aquele chão colorido de amora esmagada

E aquela moça que silente me viu e me sorriu.

Depois da visão do pé de manga

Inevitável foi a minha curiosidade...

Onde ela estará? Nunca mais tive notícias dela.

Assim é a vida e mais somos recordações

No vazio que muitos nos deixam.


Altino Olympio