Em dezembro de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, registrou-se um acontecimento histórico e surpreendente: Alemães e britânicos fizeram um “cessar fogo” na Frente Ocidental na Bélgica e por rápidas horas decidiram esquecer a batalha, as mortes e suas armas sangrentas. Embalados por músicas natalinas, como “Silence Nigth”, trocaram presentes e renderam-se à emoção daquele breve momento, batizado de “Trégua de Natal”. Sugiro leitura em www.hypescience.com/historia-real-por-tras-da-tregua-na-primeira-guerra-mundial-no-natal-de-1914).
Sem muito fanatismo pelas festas de final de ano exceto, é claro, quando os sonhos e fantasias movimentavam minha infância, eu não poderia ser totalmente avessa a estas convenções. E reconhecendo seus encantos, pensei... Porque não copiarmos este belo exemplo da história e também realizarmos uma interrupção, mesmo que temporária, em nossos dramas cotidianos e simplesmente nos inebriarmos com esta data extremamente religiosa e amorosa? Valeria a pena, afinal de contas... É Natal.
Sugiro também uma trégua... Às hostilidades da vida. Uma trégua à crise econômica, à corrupção, ao terrorismo, à miséria e a tudo que vem nos assombrando. Proponho uma trégua que acalme nossos pensamentos, que acalente nossos corações e que restaure nossas forças. Proponho uma trégua que adoce nossas palavras, que refresque nosso humor e que restitua o brilho aos nossos olhos. Proponho uma trégua que nos devolva o riso, que desaperte nossos pés cansados e que nos devolva o sono tranquilo. Proponho uma trégua das lembranças tristes, das animosidades latentes, dos ressentimentos dolorosos e das lágrimas amargas. Proponho uma trégua às vinganças desmedidas. Proponho uma trégua aos sentimentos pequenos, aos comportamentos insanos e às atitudes medíocres. Proponho uma trégua à ganância ultrajante. Proponho uma trégua ao que está desassociado do amor, da tolerância e da solidariedade. Proponho expandirmos os espaços de nossos corações para acolher o que é belo, doce e afetuoso. Que esqueçamos, as reportagens políticas, as tragédias, os crimes e a violência. Proponho que nos dediquemos às belas sensações de paz, harmonia e fraternidade. Proponho uma trégua à gula, à bebedeira e ao consumismo. Proponho uma trégua ao luxo, à luxúria, à vaidade, ao rancor e à intolerância. Proponho uma trégua às desavenças, às rusgas e às antipatias. Proponho o perdão, a humildade e a gratidão. Proponho uma trégua aos nossos conflitos existenciais de cada dia. Proponho reconciliações, abraços apertados, afagos singelos, declarações carinhosas e confissões apaixonadas. Proponho reflexão e consciência de que tudo é rápido, transitório e curto. Curto demais... Principalmente o nosso complicado estágio neste planeta. Proponho risos, gracejos e muita descontração com lágrimas de alegria, de emoções contidas ou de boas recordações. Proponho esta trégua oficializando o verdadeiro sentido do Natal. E que este seja o momento de pausa, o momento em que nos daremos folga, o momento em que nos daremos colo e o momento em que pisaremos no freio de nossa própria vida para que ela flua mais calma, mais serena e mais amena.
Natal é tempo de Jesus. Tempo de amor. Tempo de paz.
Vamos também dar esta trégua. Pelo menos neste iluminado dia.
Feliz Natal à todos!!!
FATIMA CHIATI