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04/09/2015
O leve Levy levado a Lula

Ministro vai a Turquia pedir socorro a China e adia saída do governo Dilma

G 20 DO NEGÓCIO DA CHINA

O desgoverno de Dilma está tão explosivo que até o Ministro da Fazenda quase não foi para a reunião do G 20, grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. A assessoria do Ministro havia divulgado na manhã de quinta-feira, 03/09, que Levy não iria a Turquia para a reunião. E aí o boato de que o Ministro sairia do governo tomou conta do mercado, a fazer o dólar atingir a cotação de R$3,81 – patamar sofrível igual aquele de 2002, quando Lula era o virtual candidato eleito. Naquela época, o mercado temia o governo do PT, porque não o conhecia. Hoje, o mercado teme o governo do PT, porque o conhece bem. Sem Levy, ninguém o leva a sério. Diante da caldeirinha, Dilma implorou que Levy ficasse e fosse a Turquia para pedir socorro a China, pois sua permanência no Palácio do Planalto depende dele no reality da Fazenda. Levy foi para Ancara encarar os chineses. Lula também foi lá no planalto dizer a Dilma para parar de ser biruta, porque já tinha levado uma bronca do Trabuco, que avisou que não vai mais rolar a festa no mercado financeiro.

QUEM NÃO TE CONHECE QUE TE COMPRE

Mas a história não é bem assim. Joaquim Levy foi apresentado ao Brasil por Dilma, recém reeleita, como o homem do mercado com altíssima credibilidade para fazer o “ajuste fiscal” de que o Brasil teria de passar. Parecia uma grande novidade na praça - para os desavisados. Não era! No governo Fernando Henrique Cardoso, no ano de 2000, foi nomeado secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, e, em 2001, economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Em janeiro de 2003, foi designado por Lula secretário do Tesouro Nacional, onde ficou até 2006. No ano seguinte, foi secretário de Estado da Fazenda do Rio de Janeiro no primeiro mandato de Sérgio Cabral Filho, onde ficou até 2010, com quem foi a Paris e estava acompanhado de figuras carimbadas na calçada da cidade luz. Foi Lula quem levou Levy devidamente requentado.

AS DERROTAS DA MÃO DE TESOURA

A missão impossível de cobrir o rombo de duas centenas de bilhões nas contas públicas restou tão inverossímil quanto ser o ministro um novato no planalto. Como sempre, o PT age como se anúncio pago nas páginas amareladas dos jornais servisse para realizar intenções - que nem no inferno são factíveis. Uma a uma, as propostas de Levy foram desmanteladas ora pelo Congresso, ora pelo Ministro Barbosa, ora pelo Ministro Mercadante, ora pela própria Dilma – que agora faz juras de amor eterno enquanto dura. Mas tudo já escorreu esgoto a baixo: corte de 80 bilhões do orçamento 2015, redução da meta fiscal de R$ 66,3 bilhões, pagamento de metade do 13º salário dos aposentados, o déficit primário de R$ 30,5 bilhões no orçamento de 2016.

O CURRICULUM VITAE DE JOAQUIM LEVY A TEMER E A DILMA

Quando é preciso reafirmar diuturnamente que alguém é respeitável e acreditável, compra-se o reverso da moeda. Então será que Levy pretende ficar no governo que só o apoia da boca pra fora? Será que ele escreverá no seu curriculum o denodo de ser o ministro da Fazenda que levou o Brasil a perder o grau de investimento e torná-lo lixo especulativo? Será que Levy vai segurar a insegurança jurídica nas contas públicas de Dilma, a insustentável? A levar em conta o que disse ontem O Vice-Presidente da República sobre a insustentabilidade da governanta, a volta de Levy da Turquia leverá à evidência de que o Brasil não se leva a sério. Talvez, depois do tour por Madri e por Paris – ah, sempre Paris! -, lave as mãos e a tesoura, porque, de corte e costura, Dilma não é afeita. Ainda há, para Levy, o que preservar.


Hermano Leitão