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13/05/2015
O Diário de Anne Frank causa polêmica nas escolas caieirenses


Em debate no grupo “Caieiras Aqui se Fala a Verdade” no Facebook, uma mãe questiona a inserção do Livro “O Diário de Anne Frank” para alunos do quarto ano (com idade de 08 e 09 anos), da escola municipal NEC EMF Manoel Hurtado. O conteúdo do livro proposto pelo NEC  é pesado e de difícil compreensão para crianças que estão aprendendo a ler, a escrever e interpretar textos,  vivenciam histórias e precisam do lúdico para formação como pessoa, como ser humano.
Pela informação dada pela editora, o livro é recomendado para a faixa etária de 14 anos. Nessa idade, os alunos estarão nos 8ºs e 9ºs anos..
O livro é o diário de uma garota de 13 anos que viveu na época da Segunda Guerra Mundial, em Amsterdã, na Holanda, período em que aquele país foi invadido pelos nazistas. Inscreve em seus escritos tudo o que se passa no cotidiano dos fugitivos, inclusive sua notória predileção pelo pai, que considerava amoroso e nobre; ao contrário da mãe, com quem sempre esteve em confronto. E ainda aspectos de sua sexualidade emergente.
Com acirradas discussões, o assunto foi levado ao facebook motivado pela incapacidade do sistema público de resolver assuntos sérios de forma adequada. A mãe, que argumentou com professores e diretor, formalizou um abaixo-assinado e obteve mais de duzentas assinaturas. Solicitou reunião com a Secretária da Educação. Segundo informações da própria, após ser humilhada, ameaçada por funcionários e taxada de louca, nada conseguiu. Contudo, mostrou-se competente em seu papel de mãe, levando o assunto adiante. Infelizmente, ainda não conseguiu resultado positivo. Com sorte, espera a sociedade se mostrar coerentemente a seu favor.
Enquanto isso, alguns brincam de ensinar e mostram que não leram nem a cartilha básica do Governo do Estado, que diz: “Para formar leitores – um dos principais desafios da escola – é importante que as experiências dos alunos com os livros e com a leitura sejam bem planejadas sempre e, para isso, a escolha dos livros é decisiva”. E relaciona vários critérios para escolha de livros, dentre eles – histórias curtas.

Algumas opiniões relatadas:
Nota: os textos abaixo estão transcritos exatamente como foram postados


Mãe,
“ FALANDO EM SELEÇÃO : quando a escola indicou este livro questionei ao diretor e coordenador sobre o motivo da indicação do livro (obs.: nem o diretor e nem a coordenadora haviam lido na época o livro) ....me disseram que o foco do livro seria para abordar o tema a escrita de cartas para alunos do 4°, quando estive na secretaria da educação nem lá sabiam que a escola estava adotando este livro para esse ano de 2015... posterior a isso continuem questionando a escola que mudou o foco e disse que iria usar o livro para falar de migração...e em um terceiro momento me foi dito que é para falar da 2° guerra...ENFIM NEM ELES SABEM DIZER PARA QUE ADOTARAM O LIVRO!!!!”


R, mãe
“ Era o livro que pediram p minha filha também de 9 anos, achei um absurdo...mas ainda bem que consegui trocar ela dessa escola e agora o livro que a nova professora vai adotar é o pequeno príncipe... Indicado para a idade.”

V, psicólogo:
“Sobre a leitura do livro tenho um olhar conservador, este tipo de conteúdo de certa forma tem conotação pesada, contudo o que mais influenciará será a personalidade do leitor, que poderá estimular aspectos do qual não tenha amadurecimento para lidar ... “

S, professor e jornalista
“Li a esmagadora maioria das participações; dei-me o direito de ignorar as ofensivas e as que buscam apor tom humorístico num fato tão sério. Em que pesem as arestas de cada um, talvez seja importante lembrar que "leitura e interpretação de textos ou imagens" não são matérias da área de exatas, mas da de humanas. É possível que uma criança entenda perfeitamente que 2+2 sejam 4, mas é impossível vislumbrar a maneira como assimilará a ideia de violência, de sadismo, de insegurança, de necessidade de fugas e de outras situações encontradas no livro”.
......
“Dê um texto político para uma criança e ela não entenderá nada porque o tema não faz parte de seu universo; dê um texto bíblico para uma criança e ela não entenderá nada porque não faz parte de seu universo; dê um livro sobre relação humana (que é o caso de "O Diário de Anne Frank") e ela não entenderá nada, pois não faz parte de seu universo, ainda. Em qualquer dos casos, dependerá de explicações dos pais. E quem em sã consciência pode garantir que os pais leram – e se leram, entenderam - o livro? Outros diriam – como foi dito acima: o aluno vai questionar o professor. E quem em sã consciência pode garantir que a visão do professor é a ideal para o aluno?”


X, professora do 4. Ano
“Minha turma é 4.° ano antiga 3.° série na nossa época...tenho alunos de 8, 9 e uma de dez anos o nosso esta relacionado ao gênero e mitos que estamos trabalhando.
Acho que a mãe esta certa, pelo que conheço do livro não acho apropriado indicar a leitura neste momento e faixa etária ...não entendi a escolha deste livro ainda mais essa versão para os alunos...totalmente sem noção...qual objetivo??? Não seria minha escolha pensando na proposta da rede de leitura compartilhada e uso em sala.
Existem muitos bons livros que poderiam ser adotados se pensando em leitura e comportamento leitor para estes alunos...foi uma triste escolha...acho que nem a professora e .em diretor conheciam a historia...o livro.”


J, professora
“A criança desta idade não consegue ler e digerir um livro de mais de 300 páginas, neste contexto muito pior, não estão aptos a tal complexidade”.


R, professora
“Acho um pouco pesado! Pois no final ela morre. Como será abordado pedagogicamente essa questão??? Além de que a criança nesta idade talvez não tenha a fluência necessária para esse tipo de leitura ( livro com muitas páginas)”.

O, pai
“A Leitura deste livro é precoce, perguntei para alguns profissionais da área, até engasgaram.
De arroz e feijão para recém nascidos, o resultado de alguns ira surpreender.
Já de outros.... “

Entre várias outras opiniões, algumas são favoráveis, associadas ao estímulo à criança desde cedo a grandes livros, a expor o mundo real etc. A postagem pode ser visualizado na página do grupo.

A,  professora do ensino fundamental da rede pública
“Para esclarecer esta mãe revoltada, vamos ao que interessa ...” 
“Pelo jeito, educação p vc é um Livro.... Educação p mim é mais do que isso....”

O,  
“Anne Frank é uma história verídica, o livro já foi trabalhado em diversas escolas aqui em Caieiras, no meu ponto, é ótimo que crianças estejam lendo. Só não sei, se uma criança de 8 ou 9 anos conseguirá ler e entender o livro, enfim, a obra é maravilhosa.”

M,
“Bom ontem estava na reunião, onde o diretor conversou com os pais sobre o livro até onde ele disse ela fala sobre as partes do corpo dela em apenas 2 paginas...ele disse que pensou muito antes de colocar esse livro em pratica....e isso são coisas que acontecem no dia a dia qual filho hoje em dia não sabe as partes do corpo,e se não sabe eles procuram em internet, vou procurar ler esse livro e se informar melhor ,porque acho que a escola ta preparada para tratar desse assunto.”

Mm ,
“Querida achei seu comentário muito antiquado. É um pensamento meio anos 70. Eu até entendo que você queira proteger as crianças dessas coisas impróprias, mas por outro lado, nos dias de hoje uma criança de 8 anos tem todo tipo de informação ao seu alcance, coibir seria um erro. Quanto ao livro "O diário de Anne Frank" é mais um relato da guerra do que propriamente esses temas que você descreveu.”


A Secretária de Educação foi contatada por e-mail e até o momento não se manifestou. 


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