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17/02/2015
Doenças cardíacas: previsão é superestimada

Um estudo revelou que as “calculadoras de risco”, modelos utilizados para prever a probabilidade de uma pessoa sofrer um infarto, fazem previsões superestimadas. A pesquisa, realizada pela Universidade Johns Hopkins e outras instituições, foi publicada nesta terça-feira no periódico Annals of Internal Medicine.

Esses sistemas usam fatores como idade, etnia, sexo, tabagismo, taxa de colesterol e pressão arterial para calcular o risco de um indivíduo ter um ataque cardíaco. Com base no resultado, médicos prescrevem remédios e exames específicos para o paciente. De acordo com a nova pesquisa, no entanto, quatro das cinco calculadoras mais utilizadas exageram nas estimativas. Os excessos são problemáticos, sobretudo, para pessoas que têm baixo risco de eventos cardiovasculares, porque passam a tomar remédios e fazer exames desnecessários.

Os pesquisadores compararam as estimativas feitas pelas calculadoras com a real incidência de derrame e infarto entre 4 200 homens e mulheres de 50 a 74 anos, acompanhados por uma década. Os voluntários não tinham histórico de doenças cardiovasculares nem manifestavam sintomas dessas doenças no início do estudo.

Resultados — Quatro dos cinco sistemas estudados superestimaram os riscos em 37% a 154% nos homens e em 8% a 67% nas mulheres. A previsão menos falha foi feita pelo escore de risco Reynalds, que extrapolou o risco de eventos cardiovasculares em apenas 9% para homens, mas, negativamente, subestimou as doenças em 21% para as mulheres.

“A mensagem principal [do estudo] é que, embora importantes, as diretrizes são apenas o ponto de partida para uma conversa entre o médico e o paciente sobre os riscos e benefícios de cada tratamento ou estratégias de prevenção”, afirma o líder da pesquisa, Michael Blaha, diretor de pesquisas clínicas do Centro de Prevenção de Doenças Cardíacas Ciccarone, da Universidade Johns Hopkins.

“A falta de precisão dessas calculadoras pode ser um indício da mudança no perfil das doenças do coração”, disse Blaha. “Os riscos cardíacos mudaram nos últimos anos com a queda no tabagismo, o aumento da cobertura dos tratamentos preventivos e a diminuição do número de pessoas que tem infarto ou que enfarta em idade avançada.”


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