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21/11/2014
Você é inteligente ou esforçada(o)?

Quando indagado sobre sua grande inteligência, Albert Einstein respondeu: “não é que eu seja tão inteligente, eu apenas gasto mais tempo com os meus problemas”.

E você: acredita que inteligência é um traço inato e fixo ou que é fruto do uso da máquina cerebral?

Um instigante estudo recente (link: http://mic.com/articles/89579/science-shows-how-the-brains-of-intelligent-successful-people-are-different-from-everyone-else) mostrou que o nosso desempenho é dependente da forma como respondemos a essa questão. Com base nela, definem-se dois tipos de mentalidade (mindset, em inglês), a saber: a mentalidade fixa e a mentalidade do crescimento.

No primeiro tipo, se você acredita que existe um estoque fixo de inteligência, você tende a enxergar problemas e desafios de uma maneira mais negativa, associada às inevitabilidades da genética ou com aquilo que Deus lhe deu.

Se, por outro lado, você tem uma “quedinha” por o que se convencionou chamar – geralmente de forma pejorativa – de auto-ajuda e imagina que tudo é possível se você se esforçar bastante, sua resposta aos desafios tende a ser mais positiva. Você tem uma mentalidade associada ao crescimento.

O estudo da psicóloga Carol Dweck, da Universidade de Standford não é um apelo vazio à ideia de “yes, I can” e que todos os seus sonhos se tornarão realidade, se você lutar bastante. Na verdade, trata-se de entender como você lida com a frustração. A ciência por trás da ideia está no experimento conduzido.

Nele, 128 crianças foram divididas em dois grupos. Ambos foram confrontados por problemas de matemática de fácil resolução. O grupo de controle teve reforços “positivos” associados à inteligência e ouviram da professora: ˜Vocês foram muito bem, vocês são muito inteligentes˜. O outro grupo escutou, ao final da série de problemas resolvidos: “Vocês foram muito bem, vocês devem ter se esforçado muito”.

Em seguida eles receberam uma série de questões tão difíceis que muitos não acertarão uma sequer questão. Ambos os grupos receberam a mensagem de que seu rendimento havia caído.

Nesse momento, entram em ação os tipos de mentalidade. Como lidar com o fracasso ou, ainda mais essencial, com um resultado apenas abaixo do esperado?

A parte final envolvia responder outro conjunto de questões, agora novamente mais fáceis do que a segunda etapa. O resultado indicou que o grupo de controle (recebeu o elogio pela inteligência) foi 25% pior do que o que foi reforçado em sua ética de trabalho.

A conclusão da autora do teste é que a recompensa pela inteligência torna os alunos mais propensos a culpar a sua própria falta de habilidade (entendida como estática) ou o nível de dificuldade dos desafios do que a encontrar a solução no nível e no tempo do esforço.

Pessoas com essa mentalidade fixa tendem a fugir de “problemas e complicações” – sejam eles intelectuais ou de outra ordem – e também desistem com mais facilidade quando confrontados por problemas que entendem serem incompatíveis com a sua habilidade - entendido, por elas, como sendo fixa ou estática. A falta de prática leva ao reforço da ideia de que lhe falta a devida capacidade. Uma “escolha pessoal” acaba se confundindo com um “fato imutável da realidade”.

A matéria comenta outros testes e dá uma ideia de como o tipo de reforço é determinante para o tipo de pessoas que nós geramos para a sociedade. Tendemos a recompensar de forma polpuda o talento, aquilo que é inato, que vem de uma configuração especial de nossa biologia ou do “acaso”. Ao enaltecermos o talento, desmerecemos o esforço. E o pior: transmitimos (às vezes) sem querer isso às nossas crianças!

Não raro esquecemos que a educação não é ensinar conteúdo; a isso damos o nome de instrução! Educação consiste em promover o processo de aprendizado que é, essencialmente, educar as crianças a ver a recompensa no esforço e não no resultado.

Quem tenta, erra e aprende com os erros geralmente se sai muito melhor na vida do que aqueles que, por medo de errar, nunca tentam desafios novos e, portanto, não aprendem. Se os desafios inevitáveis da vida aparecerem, imagino que a probabilidade de uma pessoa de mentalidade fixa buscar um “atalho” – eventualmente ilegal ou danoso aos outros – para poder enfrentá-lo seja maior do que os de mentalidade de crescimento. Mas, isto já é outra questão.

Por fim, a matéria está em inglês, o que pode gerar algum empecilho para aqueles que não têm facilidade com o idioma. Porém, imagino que o tipo de mentalidade definirá se você vai buscar lê-la ou não.

Boa leitura… ou não!

 


André Roncaglia de Carvalho - O Barômetro