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26/04/2014
A tua estrada

Então, você está numa estrada da vida, deserta? Surgem-te pensamentos de como você está só. Alguns rostos já desfilaram em teus pensamentos e parece que eles te estão tão distantes. A melancolia te invade. Parece que ninguém se importa com você. Parece que todos estão na alegria de viver e você não. Quando se é jovem não se tem pensamentos como esses. Na juventude a busca por sensações faz com que se tenha vontade de sempre estar em evidência, mas, não deve ser o teu caso. As distrações, as sensações já não te atraem. Envolvimento com outras pessoas também não. Parece que você está numa encruzilhada da vida, não é mesmo? Teu mundo está cada vez mais restrito. Parece mesmo que ninguém se importa se você existe ou não e você também tem o mesmo sentimento sobre os outros. Isso não se pode confidenciar. Ninguém te entenderia e até iriam te considerar egoísta ou anti-social. Você está numa fase da vida quando tudo te aborrece, inclusive pessoas.  É, a perda das ilusões, às vezes, promove mesmo uma espécie de vazio considerado impreenchível. Você olha para o passado e nele se vê como era tão diferente, tua vida era tão cheia de vida. Agora, tudo o que passou, passou. Nessa fase da vida em que tu te encontras, a vontade de se sentir só não é mal. Dá-te mais oportunidade de sentir a vida como ela é pra ti, sem a intervenção de outros. Você já não mais quer dividir seus pensamentos com eles e os deles não te interessam mais. Tudo é dejaví, tudo é óbvio e isso te é insatisfação. Na tua estrada da vida você se sente no anonimato e está num trajeto sem saber aonde chegar. O aonde chegar não importa. Qualquer lugar sempre ele é onde você está. Você é que é o lugar em qualquer lugar onde estiver. O estar consigo mesmo produz uma paz indescritível nos momentos em que você é você e nada lhe perturba. Volte sempre para o teu íntimo onde está a tua estrada particular e nela caminhe quando necessitar daquela paz que não existe fora de ti. Com tanta confusão no mundo e tanta confusão nas pessoas, melhor mesmo e viver na solidão, queiramos ou não.

                                                                                                    Altino Olympio