O guardião da Constituição Federal, o STF, novamente suscitou debate de tema
complexo, oculto no íntimo da sociedade, ainda nublado por preconceitos de
épocas menos felizes. A discussão das cotas raciais, levada à apreciação da
corte suprema por uma ação proposta pelo partido político DEMocratas, a
respeito das vagas reservadas nas universidades federais àqueles
auto-declarados “afro-descendentes ou pardos”. Racismo no Brasil ainda não é
questão bem resolvida. Não é questão bem resolvida pela própria humanidade.
A história é pródiga em episódios nos quais o sangue foi derramado por
paixões de raça, de religião e de sexualidade, ainda em nossos dias. E mesmo
assim ainda fazemos questão de manter o assunto “sob o tapete”. O partido
questionava a constitucionalidade do dispositivo segundo o qual se destinam
20% das vagas das universidades federais aos afro-descentes, desejando
também que esse percentual fosse estendido aos pobres e socialmente
vulneráveis. Tirando as questões de ordem eminentemente técnica, se
descortina um universo elucubrações, com esteio no âmago do homem.
Sociedade, justiça, evolução e até mesmo conceitos mais profundos ainda se
misturam e ponderam os votos dos ministros, que compreenderam, aliás,
constitucional a cota de reserva. Realmente, não sei aferir o resultado
prático imediato da decisão, mas sei que sua discussão traz efeito benéfico
a nosso País. Li, dia desses, em uma obra muito interessante, que os
parâmetros morais e religiosos de uma geração condicionam diretamente o
avanço da geração subseqüente... O que aguarda nossos filhos e netos?