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09/05/2012
Álbum de fotografia

Admiro a evolução tecnológica, principalmente as fotos que recebemos por computador, mas devo confessar que ainda sou um aficionado por aquelas impressas em papel, como antigamente. Folhear álbuns de fotografia é uma tradição na maioria das famílias brasileiras -, pelo menos era assim até algum tempo trás. Assim sempre fazia minha mãe ao chegar uma visita.
Através destes álbuns viajamos no tempo e ficamos conhecendo pessoas que nunca vimos, mas que fizeram parte, de certa forma, da nossa e da vida de nossos antepassados. Eu adorava ouvir as pessoas que o folheavam narrando histórias de seus personagens; a roupa que vestiam no momento da foto, o lugar onde foi tirada, o jeito de ser, a causa da morte, com quem se casou, quantos filhos tinham etc.
“Minha Velha” tem o costume de guardar fotos numa caixa de sapato, são centenas delas que testemunham até hoje, a história de nossa família. Além das fotos - em sua maioria preto e branco - ela guarda os famosos santinhos que recebia nas missas de sétimo dia com a foto do falecido. Fúnebre, mas até certo ponto divertido.
Fico admirado e muitas vezes emocionado ao me deparar com fotos dos casamentos dos meus avós ocorridos há quase cem anos; das festas de aniversário, dos encontros de família etc. Foram desbotadas pelo tempo e têm cheiro de papel velho, mas ainda estampam com nitidez um nostálgico passado, onde a simplicidade fazia parte do cotidiano das famílias.
A pose que faziam era nobre e respeitosa, obedecia à uma hierarquia. O patriarca sempre sentado, exibindo seus longos bigodes e a mulher postada em pé ao seu lado demonstrando submissão e nos passando a impressão de que quem mandava em casa, era o homem, por sinal, muito diferente dos dias atuais, onde fazemos apenas de conta que mandamos. Nas fotos, onde aparecia toda a família, os avós postavam-se sentados na frente, os irmãos mais velhos atrás e as crianças abaixadas na primeira fila ou ao lado dos velhos, sempre bem vestidos e de cabelos penteados.
Eu gostava de ouvir minha mãe falar sobre meu avô paterno. Dizia ela ser ele um homem bom, atencioso e que se preocupava com  saúde dela. Eu me enchia de ternura vendo sua antiga foto, seu olhar sereno me passava segurança e caráter.  Enquanto ela me falava eu tirava as conclusões. Na maioria das vezes lia até a alma dos personagens, pois até hoje sei décor as histórias de cada um deles.
Assim que recebi meu primeiro salário – após graduar-me – comprei uma Rolly Flex, pois eu queria registrar toda uma vida e ter histórias para contar  para meus filhos e netos. Tanto eu como minha esposa, gostamos desse hobby, e conseguimos ao longo de nossa vida deixar catalogados os melhores momentos do convívio com os filhos, familiares e amigos. As fotos impressas são inigualáveis, nunca se perdem por isso as guardamos com carinho e muito zelo. E assim vamos marchando enfrente deixando a vida nos levar, porque o progresso é o senhor da razão.
Como dizia nosso saudoso poeta popular e compositor Patativa do Assaré: “Saudade é canto magoado, no  coração de quem sente, é como a voz do passado, ecoando no presente”.
E VIVA A PÁTRIA!
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Osvaldo Piccinin