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08/05/2012
Ninho vazio

A nossa vida é feita de momentos – infelizmente nem sempre felizes e agradáveis – por isso mesmo, temos que aproveitar os bons e aprender com os maus momentos. Digo isso, por estar atravessando uma fase da vida que muitos leitores já passaram, e outros tantos irão de passar – A partida do nosso último rebento para o mundo.  Os caminhos que irá percorrer e as cabeçadas que irá dar, somente quem sabe é Deus, mas mesmo sabendo disso, nós os pais, não conseguimos desligar a tomada da preocupação.

            A casa fica enorme, melancólica, sobra espaço, perde o ritmo e um silêncio irritante domina o ambiente. É a vida dando seqüência à própria vida. A fila tem que andar! “Depois que cresce, o filho vira passarinho e quer voar”, não é mesmo?

            Meu terceiro filho – caçula – bateu asas e voou mundo afora, a exemplo dos irmãos mais velhos, nos deixando um rastro de saudade. Deixou-me também um sentimento de gratidão para com a vida e para com Deus, por eu ter tido condições de proporcionar-lhe esta experiência fantástica, que é morar em outro país.

            Que coisa estranha esta tal de ausência! A gente procura pela casa, pelo quintal e nada de ouvir sua voz de “galeto” rouco recém empenado, com sua saudação típica - oi gente! Quando partiu o primeiro tínhamos mais dois para curtir. Quando partiu o segundo, tínhamos mais um, agora partindo o terceiro o que fazer?

            Sei que vai passar como tudo nesta vida passa. Não sou daqueles de ficar choramingando pelos cantos, mas este período de adaptação nos deixa um pouco com o “pino” fora do centro. Passamos a nos perguntar: Será que vale a pena deixá-lo partir para tão longe? Só porque ele cresceu? Deveria ficar sempre criança! Devaneios à parte... Mas esta dor fininha que aperta o peito incomoda muito, deve ser a tal da saudade que tem como sua melhor definição – o desejo de ver novamente.

            Eu também parti de casa um dia, mas nem de longe poderia imaginar quanta falta devo ter feito aos meus pais. Isso porque naquela época não tínhamos equipamentos eletrônicos como temos hoje, em nossas casas. Não vá me dizer que no seu lar é diferente! Passo longe quando preciso regular um desses aparelhos, isso é tarefa para os pequenos. E como são hábeis! Filho vem cá, regula esta televisão pro pai, me ensina como faço para ligar o computador, filho leia esta bula de remédio etc.

            Lá em casa está tudo tão esquisito, até os sabiás estão cantando menos, não sei se pela saudade que sentem, ou se é porque ainda estamos no limiar da primavera - a estação mais romântica do ano - e aí bate a saudade. Seu pijaminha – o último que usou antes da partida – é cheirado com carinho toda noite por nós.  No travesseiro ainda dá para sentir o cheiro de seu perfume preferido. “Seu corninho duma figa”, quanta falta nos faz!

            Ainda bem que aprendi desde cedo, que nossos filhos são como uma flecha, uma vez lançadas -, nunca mais voltam ao seu ponto de origem, ou ainda: “nossos filhos não são nossos filhos, eles vieram através de nós, mas ao mundo pertencem”.

            Agradeço a Deus todos os dias pelas “crias” que temo. Sinto que construímos seus alicerces com carinho, responsabilidade social, respeito ao próximo e principalmente aos mais velhos, humildade etc. Sabemos que assim como um prédio, o segredo é a solidez do alicerce que uma vez bem feito, o prédio jamais se desabará.           Este alicerce termina na adolescência, porque depois o mundo o adotará e será para sempre seu professor. “O mundo judia, mas também ensina”.

            E VIVA O NINHO VAZIO!

          


Osvaldo Piccinin