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26/04/2012
Voltando pra casa .....

Um jovem, certo dia, foi procurado por seu mestre, que lhe propôs uma jornada advertindo-o, desde logo, tratar-se de longo caminho, com muitas dificuldades, com desfiladeiros íngremes, estradas solitárias e desérticas, mas que a seu final lhe proporcionaria grande riqueza. Alguns, até, diriam que os caminhos seriam floridos e cheios de fartura, sendo já alertado pelo mestre de que não se iludisse com os louros que lhe seriam rendidos pelos habitantes dos lugares pelos quais passaria. O jovem aventureiro então, ouvindo aquelas palavras sábias, compreendeu sua seriedade e tratou de se preparar para a empreita. Nada poderia levar, a não ser a experiência já adquirida e a certeza de que seu mestre estaria zelando por sua volta. Indeciso, pensou muito tempo acerca da proposta até que compreendeu que seria a única forma de progredir e se convenceu que seus desafios deveriam ser por ele enfrentados, para que fosse recebido vitorioso e então recompensado.
Lançou-se então ao caminho, trilhando estrada na qual atravessava muitos vilarejos, onde era recebido com muita pompa pelos nativos, mas logo se recordava de suas lições providenciais e mantinha-se, muita vez a custa de grande esforço, certamente, simples como da forma que avançara o primeiro passo. Foi acumulando haveres, evidentemente, em seu trajeto, todavia com eles não se iludindo. Por vezes até os utilizava em proveito daquelas próprias comunidades pelas quais passava. Logo as trilhas foram se tornando solitárias, e a rudeza daqueles campos o acometiam de grandes sofrimentos. Viu seu corpo definhar, mas jamais durante a longa jornada de quatorze sofridos anos jamais se esquecera das palavras de seu mestre, tendo a certeza de que por ele seria esperado. Aliás quantas vezes não tinha a impressão de que por ele era acompanhado. Quando a missão se tornou mais solitária, e alguns daqueles povoados por qual passara até já o tinham esquecido, ele finalmente venceu seu caminho conseguindo retornar à pátria natal. Procurou ansioso pelo mestre e não o encontrou em sua casa, começando já a deseperar-se. Então quando começava já a sentir-se abandonado, já amaldiçoando aquele esforço descomunal que despendera, sentiu uma mão amiga repousando em seu ombro. Que surpresa ao perceber seu mestre atrás de sí, com a roupa puída pela dura viagem na qual também se lançara. Não abandonara o pupilo à própria sorte um minuto sequer. Trazia consigo muito mais haveres do que havia arrecadado e deixado ao longo do caminho, premiando seu aprendiz com riqueza que ainda se desconhece por essas paragens. Sua história transformou-se em exemplo para muitos que também ensaiam seus passos nas viagens de suas vidas, cada qual com suas dificuldades, seus desfiladeiros, seus penhascos, seus momentos de solidão. Trouxe valiosa esperança a muita gente daqueles povoados por qual passara. Muitos Joãos, Antonios, Pedros, Josés, viram nele modelo e inspiração de luta ... Era, aliás, um tal José. Um José, que esteja onde estiver, certamente receberá a carinhosa lembrança de todos que souberam de sua saga. Parabéns por sua coragem José. Deus o ilumine, José Alencar.


Fábio Cenachi