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23/04/2012
Indignação.

Não dá para dimensionar o tamanho de minha indignação assistindo  os  atuais acontecimentos dentro Universidade de São Paulo (USP), um local de ensino sendo covardemente destruído por atos de vandalismo e revolta.
A USP, nas décadas de 60,70,80 foi o sonho de consumo de todos nós estudantes do Colégio Walter Weiszflog. Passávamos por um ensino puxado digno de um colégio público da época.Ninguém queria entrar em faculdades particulares.Primeiro porque além de raras e caras, eram fracas, sinônimo de aluno sem muita vontade de vencer na vida e principalmente lugar de vagas compradas por estudantes abastados.Pra entrar na USP, além de um excelente colegial era necessário mais 1 ano de cursinho particular e muitas horas de estudo árduo e dedicado.Alguns gênios da minha geração entraram sem muito sacrifício.Outros só mesmo com o famoso cursinho e aulas extras.Muitos desistiram,como eu ,que só consegui passar na primeira fase do vestibular.Não pude fazer cursinho,já trabalhava e surgiram dificuldades.Da USP, saiam os melhores profissionais, aqueles cujo diploma seria determinante em suas vidas profissionais. Da USP, saiam médicos, engenheiros,advogados,professores, enfim a melhor safra   do mercado de trabalho.Estudar na USP era mais que um sonho, era uma necessidade, uma obrigação e marca registrada dos que optavam por serem os  melhores, dos que levavam a profissão com seriedade, dos que tinham objetivos de realização pessoal  e, principalmente de responsabilidade.
O tempo passou, o perfil da Universidade mais almejada de S.P foi cruelmente transformado.Na USP hoje, também se formam os traficantes,os criminosos, os corruptos,os que querem enriquecer sem muito trabalho e os que apenas querem o certificado como símbolo de status.O sistema de cotas,a composição do corpo docente, dirigentes e até a diversidade psicológica dos alunos ajudaram a transformar cotidiano deste patrimônio público e ícone da excelência do ensino.A guerra estabelecida dentro do Campus Universitário confirma isto e as facções diversificadas,   guerrilhando aos olhos da lei ,demonstram que tudo é bem diferente das décadas passadas.Sabe-se que a ordem só existe mediante leis e regras.Mas infelizmente uma boa parte dos estudantes não está disposta ou apta a seguir regras.A própria  sociedade brasileira está denegrindo sua imagem pois   infelizmente encontrou na impunidade que domina o país, o apoio necessário para acreditar que o crime compensa.Triste conclusão.A anarquia é a arma do incompetente.A desordem é a realização dos desequilibrados e a guerrilha é o caminho dos agitadores.
Não acredito que, alunos com ideais de realização profissional, tenham participação neste ato de vandalismo e desrespeito às leis.Alunos com objetivos culturais,sociais e profissionais não se curvariam ou muito menos optariam pela ilegalidade.Estudantes sérios,convictos de suas metas intelectuais não praticam injustiças, tão pouco se infiltram  em badernas sensacionalistas e terroristas.Estudantes sensatos lutam com a inteligência,com  diálogo coerente e com negociações sensatas .Alunos que  valorizam um centro educacional não se agarram a atos depredatórios e destrutivos, simplesmente por que discordam de resoluções ou imposições de natureza gerencial.Alunos que ainda sonham com uma sociedade melhor,esclarecida e mais justa não destroem.Eles simplesmente  ajudam a construir.Respeitando,  acima de tudo, as determinações e imposições  para que isto seja possível.


Fátima Chiati