Versão para impressão

23/04/2012
A generosidade no Natal.

As manifestações de solidariedade e generosidade se intensificam nesta época do ano.Campanhas, coletas, doações tudo em função dos mais necessitados.Durante muitos anos presenciei em casa, doações e contribuições aos asilos,orfanatos e demais órgãos humanitários.Mesmo assim em algumas situações também desconfiei e duvidei de Ongs e instituições filantrópicas.Em nosso portão, mensalmente, batia um senhor idoso com um carnê de recibos recolhendo valores  em favor dos  deficientes visuais.Eu sempre questionei  muito este fato.Sentia naquele homem um espécie de malandragem  que  aumentou  quando,  ele coletou, por duas  vezes, uma quantia que deveria ser única no mês.Fiquei muito  irada com a atitude dele .Mas estranhamente ele conseguiu  justificar o “engano” e continuou comparecendo assiduamente para receber a importância.E sem provocar maiores desconfianças, continuou recebendo também  de outros  caieirenses.A explicação que recebi na época para a continuidade deste pagamento , foi de que devemos fazer o bem,ajudar o próximo seguindo sempre a vontade de nosso coração.Devemos colaborar quando nossa intuição nos conduzir  a isto sem se preocupar demais com segundas intenções de quem quer que seja.Em casa foi sempre me ensinado que, o gesto de  caridade tinha que se sobrepor a qualquer dúvida ou atitude desonesta .Deus ou a própria vida se encarregaria do resto desde que, cada um cumprisse a sua parte.Calcada nestes ensinamentos acabei deixando de lado os  intermináveis questionamentos e parei de duvidar dos atos solidários.Principalmente quando partiam  de pessoas boas, bem intencionadas e desprovidas de maldade.Hoje não só apoio como também colaboro quando sinto vontade e quando meu coração também manda.Não ignoro , nem finjo que desconheço  a malandragem que existe por ai.Ainda desconfio de muita coisa e principalmente  de falsas generosidades políticas e governamentais.Faço a minha parte e sinto que não dá mesmo para ignorar a dedicação e o trabalho  de tanta gente boa.Gente que, de verdade, ajuda  o próximo.Vejo jovens das mais diversas entidades religiosas, nestas semanas que antecedem o Natal,saindo às ruas, debaixo de chuva ou sol, batendo de porta em porta e recolhendo as doações.Vejo gente que esquece os problemas pessoais e oferece parte do seu tempo coletando,organizando ,distribuindo e proporcionando festas aos que visivelmente não sabem o que é isso.Vejo gente dotada de sentimentos humanitários  verdadeiramente sinceros e  vejo acima de tudo,gente  transbordando amor e  bondade  e se doando aos mais carentes. Concluo então que, nesta hora, fazer o que o coração manda é um lenitivo emocional muito mais importante que decidir-se unicamente pela razão. Racionalidade,sinal de lucidez, é importante, mas nestes casos endurece nossos sentimentos,nos torna realistas demais.Por isso,mesmo acontecendo com mais intensidade   no Natal, doar, dividir e compartilhar com o próximo são atitudes  dignas de aplausos.Ainda mais neste  no mundo materialista em que vivemos.Simbolizam, mais que qualquer outro ritual,  a magnitude do Natal.Demonstram o verdadeiro espírito  da solidariedade.Provam acima de tudo que, apesar da corrupção política do país e da desonestidade  dos poderosos,ainda assim, existem pessoas boas,pacíficas,corretas e capazes de manifestar  o verdadeiro sentimento de amor ao próximo.São estas pessoas,  não os políticos, que fazem a diferença e que tornam a nação mais forte .São estas pessoas que,  sem esperarem restituição ou pagamento dão o exemplo maior,  dignificando, de verdade, a raça humana.


Fátima Chiati