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23/04/2012
O trânsito nosso de cada dia .

Semana passada, assisti a um documentário, onde especialistas discutiam o futuro do automóvel no Brasil. Fixaram suas ponderações na situação caótica em que se encontra a cidade de São Paulo. Segundo eles, em menos de 5 anos a cidade entrará num colapso e o trânsito simplesmente ficará travado.Ou seja, ninguém mais conseguirá  sair de um pequeno trecho a outro sem levar no mínimo 2 horas.A discussão foi muito interessante pois demonstrou que há pessoas realmente preocupadas com a situação e também dispostas a apresentar propostas e projetos visando saídas satisfatórias, sem que com isso a economia seja prejudicada.Para estes especialistas, o governo, as prefeituras pouco tem conseguido pois sempre que se fala em trânsito se pensa exclusivamente nos automóveis.Como soluções emergenciais, se alargam rodovias, aumentam-se estradas, constroem-se túneis, viadutos, marginais e no final das contas pouco se evolui, já que o numero de carros circulando por S.P aumenta  assustadoramente .O próprio Rodoanel já está saturado em muitos trechos e quando finalmente o trecho Norte for concluído em pouco tempo será também insuficiente.Na opinião destes especialistas a única saída inteligente seria a criação de boas alternativas às pessoas, para que elas pudessem deixar o carro em casa na maior parte das situações.Pra isso acontecer, só transporte público de boa qualidade.Mas quando isto irá acontecer se toda vez que se pensa em soluções, se pensa exclusivamente nos carros?São Paulo já não tem mais pra onde crescer.Não adianta se realizar obras faraônicas, mesmo que sejam elas que popularizem e glorifiquem políticos e construtoras. São Paulo e seus habitantes precisam de novas e decentes opções de locomoção.É necessário  que ocorram mudanças de atitudes e comportamentos mesmo que pra isso o carro tenha que permanecer na garagem. Ora, sabemos que nos países de primeiro mundo isto já acontece. Em Londres o transporte metroviário existe há mais de cem anos e com uma extensão gigantesca, deixando-nos envergonhados , afinal em 47 anos São Paulo só construiu 70 Km de malha metroviária quando o ideal seria 220.É certo também que somos um povo, até certo ponto acomodado.Não gostamos de abrir mão de nossos caprichos, sonhos e confortos. O carro é para o paulistano o objeto de consumo mais desejado, mesmo que seja pra ser usado do portão de casa até a padaria da esquina.O carro dá status, dá poder,dá liberdade e sem sombra de dúvida oferece alguma segurança e conforto.Ninguém se imagina desistindo do automóvel pra tomar um trem da CPTM,que é de péssima qualidade.Desta forma, a preocupação é geral e sem sombra de dúvida digna de empenho, pois o que o futuro nos reserva no trânsito é ainda mais grave se levarmos em conta que de 1998 a 2008,ocorreram 40.000 mil mortes/ano, por acidente de carro no Brasil e que 30% destas mortes foram jovens entre 18 e 25 anos.É lógico que as condições de estrada e trânsito não foram os únicos responsáveis.Nesta estatística,registram-se também a imprudência, a alta velocidade, o alcoolismo e a irresponsabilidade.De qualquer forma, este trânsito, nosso de cada dia, precisa ser repensado.E rápido.Antes que o caos se instale.Autoridades, políticos,governantes precisam agir com presteza e inteligência. As pessoas também  devem repensar suas atitudes e comportamentos.Talvez tenhamos que abdicar um pouco desse nosso conforto ilusório para encontrar um caminho e chegar a  novas alternativas.Não basta esperar apenas respostas do governo.A sociedade melhora suas condições de vida se participa, se atua e se colabora de forma construtiva. Inclusive no trânsito.


Fátima Chiati