Para explicar as barbáries de um comportamento absolutamente irracional no caso da venda de salgadinhos recheados com carne humana, é algo que demandaria estudos aprofundados sobre um tema repugnante que causa espanto e horror. Em Garanhuns, agreste pernambucano, o fato foi confi rmado, transcende todas as esferas legais e repercute sobressaltadamente além das fronteiras brasileiras e aquém do que a racionalidade permite compreender. Como se fosse uma atitude normal, pelo menos para quem comercializava os quitutes, o ato insano de alguns seres humanos remete a questionamentos sem respostas acerca de tamanha insanidade e também dos caminhos desconhecidos que o cérebro percorre. Sem parâmetros de avaliação na conduta de um bando de indivíduos dado a práticas homicidas que, além de ocultarem as vítimas,as descarnavam e comercializam os despojos sob forma de salgados, aventurar-se-íam alguns em vislumbrar hipótese lamentável de religiões primitivas, ou crenças desorientadas de um momento obscuro e tempestuoso da história da humanidade. Outros certamente, mais afeitos ao materialismo com suas objetividades científi cas, compreenderiam o fato como delito decorrente de insanidades de um mundo à beira do abismo existencial. Outros, até considerariam a proximidade do fi nal do mundo, à sugestão de calendários de grandes civilizações habitantes de nosso planeta em idos tempos. O inegável é que, há cerca de dois meses, nas terras do ex-presidente da República, a pretexto de participarem de uma seita na qual se prega a purifi cação do mundo promovida pela assassínio de três mulheres por ano, pessoas foram exterminadas e usadas como alimento para outras, um sinal puro de canibalismo. Mais que absurdo é saber que existe a prática nazista, recalcada, alienada, selvagem, torpe, fútil, abjeta, cruel, fazendo corar de repugnância e remetendo a tempos nos quais a balança da justiça seria imediatamente substituída por gládio afi ado e incoercível, liminarmente. Diante de atrocidades dessa natureza, o mínimo que se poderia esperar e exigir seria a repressão do Estado por meio de um julgamento justo, uma condenação exemplar sem quaisquer possibilidades de usar as brechas da Lei como elemento de escape ou ainda, a bem da civilização, a internação de inclassifi cáveis assassinos em manicômio judiciário por infi nitos e incontáveis anos. Afi nal, nos tempos de hoje é inaceitável saber que ações selvagens possam representar seres humanos matando seus semelhantes para serem usados como recheio de iguarias, servida em porções de canibalismo.