Desde o momento em que é diagnosticada como diabética, a pessoa precisa começar a tomar alguns cuidados com os pés. Além da atenção na escolha de calçados e meias, é preciso reservar espaço para consultas periódicas a um podólogo especializado em diabetes. É aconselhável que a primeira consulta seja feita logo após o diagnóstico de diabetes, para uma série de exames que vão determinar se a pessoa desenvolveu alguma seqüela característica do diabetes. As consultas devem ser repetidas pelo menos uma vez por mês, independentemente do tipo de diabetes, aconselha a podóloga Maria Aparecida Lima, da Associação de Diabetes do ABC (Adiabc).
Em cada consulta – e especialmente na primeira –, o podólogo realiza uma série de testes que vão determinar o estado geral de seus pés: a coloração da pele, sua sensibilidade a estímulos de dor, frio e calor, a existência de úlceras ou ferimentos e a circulação sangüínea nos membros inferiores. O especialista utiliza alguns instrumentos para esses exames, explica Maria Aparecida, como um diapasão, um monofilamento e algodão.
Às vezes a pessoa já apresenta alguma decorrência do diabetes nessa região mas não consegue perceber as alterações e por isso o auxílio de um profissional é de grande importância. Mas nem sempre o podólogo começa a tratar dos problemas imediatamente. Dependendo da situação, e de sua gravidade, Maria Aparecida explica que primeiro é preciso que haja uma determinação do médico.
“Se ele começa a ficar com o pé gelado, por exemplo, sugiro que procure primeiro a orientação de um especialista vascular para um exame detalhado da sua condição de circulação sangüínea”, explica a profissional. O mesmo acontece quando o paciente tem alguma região roxa no pé. Mas, ao mesmo tempo, a profissional dá algumas orientações para auxiliá-lo a lidar com a situação, como, por exemplo, usar meias de algodão, que ajudam a manter a temperatura dos pés. As meias de nylon ou de outros materiais sintéticos não ajudam a aquecer e, quando a pessoa transpira, favorecem o surgimento de micoses na pele e nas unhas.
Maria Aparecida utiliza um monofilamento para verificar a sensibilidade à dor. Já com o diapasão, mede a vibração e assim consegue perceber se a pessoa está tendo perda de equilíbrio. Com o uso de algodão, é mensurada a sensibilidade ao calor e ao frio. Na presença de qualquer comprometimento, ela orienta sobre a necessidade de se manter acompanhamento médico.
“A coloração da pele é uma primeira forma de se verificar a ocorrência de problemas circulatórios. A pessoa pode apresentar um dedo roxo ou, pelo menos, mais escuro do que o normal e, se isso está ocorrendo, é indispensável não cortar as unhas sozinha porque, em caso de qualquer ferimento, a situação pode se agravar”, alerta a podóloga.
Durante a consulta, ela faz o corte das unhas e a limpeza dos dedos. Uma das dúvidas sempre presentes em seus pacientes relaciona-se aos calçados que, quando são especificamente produzidos para o diabético, costumam ter preço mais alto do que os sapatos comuns. Ela informa que o portador de diabetes precisa sempre verificar se o calçado não tem costura interna ou qualquer saliência que possa machucar os pés e lembra que eles devem ser confortáveis, o que exclui os modelos de bico fino ou saltos altos. Outra dica é que a compra seja feita sempre no final do dia, quando os pés estão mais inchados. Se os sapatos estiverem confortáveis nessa hora, eles não vão incomodar durante todo o dia.
O diabético deve ir ao podólogo com freqüência também se apresentar algum ferimento. Embora em alguns casos seja possível fazer os curativos em casa, é aconselhável que ele receba orientação profissional. Em outras situações, os curativos devem ser feitos preferencialmente no consultório, pelo podólogo, com visitas na freqüência necessária até que as feridas estejam cicatrizadas.
Quando o paciente apresenta úlceras na planta do pé ou em região de apoio do corpo, ela recomenda cuidados adicionais. Ele deve procurar não ficar em pé, não andar muito e não tomar banho em pé. Também auxilia a aliviar a ferida o uso de uma palmilha vazada.
“Mesmo se o portador de diabetes achar que está com os pés em excelentes condições, é bom que ele visite o podólogo mensalmente, uma vez que as seqüelas do diabetes podem aparecer de uma hora para outra e quanto mais cedo elas forem diagnosticadas mais rápida pode ser sua recuperação”, diz Maria Aparecida.
Para a podóloga, é mais fácil conseguir a cooperação do paciente infantil do que do adulto. “Para a criança, a gente explica o que acontece se ela não se cuidar, mostra alguns casos, fala a verdade sobre o que vai acontecer e ela não reluta em obedecer as recomendações”, acredita a especialista. Além disso, a criança tem sempre os pais cuidando para que ela não se desvie dos cuidados, acrescenta Maria Aparecida.