Um estudo analisou os hábitos alimentares de uma população adulta espanhola com alto risco cardiovascular e mostra que o padrão alimentar da população dos países mediterrâneos está mudando. Apesar de o consumo de peixe permanecer alto, tem aumentado o consumo de gordura saturada, proveniente principalmente de carne vermelha e embutidos.
“Nos países mediterrânicos, o consumo de alimentos que normalmente fazem parte da dieta diminuiu nas últimas décadas. O consumo de gorduras saturadas, principalmente de carnes vermelhas e panificação industrial, aumentou, e isso é realmente preocupante”, diz a pesquisadora da Universidade de Valencia, na Espanha, Mercedes Sotos Prieto.
O padrão alimentar das populações do Mediterrâneo inspirou a dieta de mesmo nome, em que alimentos de origem vegetal – hortaliças, frutas, legumes, cereais, pães e sementes – laticínios, principalmente iogurte e queijo, eram ingeridos regularmente. Peixe e frango eram comidos de forma esporádica e a carne vermelha somente em ocasiões especiais.
Sotos analisou os padrões de consumo de carne e peixe em 945 pessoas entre os 55 e 80 anos com alto risco cardiovascular.
Os resultados, publicados no periódico Nutrición Hospitalaria, mostram que a população estudada come uma grande quantidade de carne vermelha (em média uma vez por dia) e de peixe. No entanto, o consumo de peixe está associado a uma menor prevalência de diabetes e diminuição da concentração de glicose, enquanto o consumo de carne vermelha, especialmente embutida, está relacionado ao ganho de peso e obesidade.
Estudos anteriores já apontavam para o resultado
Apesar de ser um estudo transversal, que não determina um efeito causal, seus autores confirmam que há muitos estudos similares, nos quais o consumo de peixes está associado a um risco menor de desenvolver diabetes tipo 2.
“Várias hipóteses têm sido propostas para tentar explicar por que o consumo de peixes está relacionado ao menor risco de diabetes. O aumento de ômega-3 nas células dos músculos esqueléticos melhora a sensibilidade à insulina”, explica a autora.
“É importante entender os padrões alimentares da população espanhola, a fim de saber se os hábitos alimentares estão mudando. Devemos, portanto, fortalecer a educação alimentar. Temos de estabelecer programas de intervenção dietética para que não se desviem da dieta mediterrânea. Em outras palavras, tal dieta envolve a diminuição da quantidade de carne vermelha que comemos”, destacou.
Diferenças de gênero
A alta ingestão de gorduras saturadas provenientes do consumo de carnes vermelhas e embutidos foi mais frequente entre os homens. Mulheres provaram comer mais carne branca, especialmente de frango e peru.
Quanto ao consumo de peixe não foram encontradas diferenças significativas entre homens e mulheres. Em geral, as mulheres pontuaram mais alto para “padrões de dieta saudáveis” ou “dietas saudáveis” em relação aos homens.