O choque inicial é enorme. Parece um pesadelo e que tudo vai passar ao acordar. Aos poucos, o diabético vai caindo em si com a difícil constatação de que nada é sonho. O diagnóstico da doença parece definir um prognóstico de um futuro sombrio onde tudo é mais difícil. Carreira, relacionamentos, lazer e o próprio prazer de comer de tudo a qualquer hora e na quantidade que lhe convier.
O choque inicial passa logo e quando tudo parece assimilado pelo paciente, aí é que estamos totalmente enganados. Muito freqüentemente o difícil enfrentamento das limitações impostas pela doença faz com que o paciente passe a ter um comportamento de negação. Ele não aceita a doença e veladamente passa a viver como se nada tivesse acontecido. Muitos deles deixam de ir ao médico, enquanto outros mantém suas consultas periódicas como forma de atender a uma falsa noção de tratamento. Eles vão ao médico, mas não fazem nada além disso.
O uso de insulina, hormônio crucial em alguns casos, muitas vezes causa constrangimento e o paciente esconde sua necessidade ou omite a aplicação do medicamento em situações que o deixariam exposto como na escola ou no trabalho. Com isso, o diabético começa a apresentar complicações agudas com as hipoglicemias ou queda do açúcar no sangue que o deixa mais vulnerável e traz a idéia de que a doença é ainda mais terrível.
O diabetes é uma doença, onde a educação do paciente seja talvez o ponto mais importante em seu tratamento. Esclarecer e desmistificar faz com que ele possa ver luz no fim do túnel. Uma vez que ele passa a entender todas as suas possibilidades e responsabilidades, ele se desarma e podemos efetivamente começar seu tratamento.
Estamos evoluindo e aprendendo a reconhecer essa resistência dos diabéticos. Podemos ajudá-los revelando suas inúmeras opções de tratamento, flexibilidade e versatilidade dietética e possibilidade de vida normal. A maioria deles só precisa dessa oportunidade para que aceitem a doença e efetivamente retomem suas vidas.