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23/09/2011
Se você come errado....

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Se você come errado, então é fácil saber porque está difícil manter a glicemia na normalidade.
22/9/2011 - Fonte: Dra. Fernanda Granja  

Se você come errado, então é fácil saber porque está difícil manter a glicemia na normalidade. mas se você é diabético, e come tudo direitinho e mesmo assim não consegue abaixar mais a taxa de açúcar no sangue, essa matéria é para você!
O diabetes é uma doença crônica que vem aumentando muito nos últimos anos. Muitas vezes é uma doença silenciosa que chega aos poucos e muita gente não percebe. E podemos citar não só o diabetes, mas a resistência a insulina, que está mais comum do que o diabetes. A resistência a insulina é como se fosse o princípio e vários sintomas são associados, como irritabilidade excessiva, fome exagerada, má circulação, síndrome dos ovários policísticos (SOP), sono interrompido e hipoglicemia reativa. A alimentação correta vai atenuar enormemente esses sintomas, melhorando a qualidade de vida do paciente. Além disso, vai evitar os sintomas mais graves da diabetes, como cegueira e falta de cicatrização.

Não podemos afirmar que existe uma dieta ideal. Cada paciente é um caso e cada caso precisa ser olhado e cuidado em outros aspectos também. Podemos orientar a população de uma forma geral, mas o ideal é consultar um profissional especialista em nutrição para adequar a dieta conforme os hábitos e preferências do paciente. Existe a dieta com restrição de açúcares e uso de carboidratos complexos rico em fibras, a dieta com uso de alimentos funcionais e a dieta de contagem de carboidrato. Precisamos conhecer bem o paciente para indicar qual a melhor dieta, ou até mesmo, mesclar as três. O total de porções diárias de alimentos variará de acordo com o valor calórico total (VCT) da dieta prescrita e, portanto, com o índice de massa corporal (IMC – relação entre peso e altura), a idade e o nível de atividade física do indivíduo.

As recomendações de alimentação são as mesmas para adultos e crianças, quais as diferenças?

Sim. A única diferença é a quantidade e o tipo de alimento consumido, que varia muito entre um adulto e uma criança.

Além da alimentação que outros quesitos devem ser levados em consideração para que uma pessoa com diabetes tenha melhores resultados no tratamento?


A prática de exercício físico é essencial para o tratamento, pois a glicose pós exercício melhora muito. Importante ressaltar, que a prática de exercícios físicos não são somente exercícios aeróbicos, como caminhada ou corrida ou natação, como muitos pensam. Quando falamos de exercício, falamos também de exercício de resistência, como a musculação, pilates ou yoga, pois o músculo trabalhado em atividade continua trabalhando durante 48horas. Assim a melhora da glicose é mais efetiva.

A má alimentação pode ser um fator desencadeante da doença?

Sim. Estudos mostram que o consumo alimentar da população brasileira, caracterizado por baixa freqüência de alimentos ricos em fibras e aumento da proporção de gorduras saturadas e açúcares na dieta, associado a um estilo de vida sedentário compõem um dos principais fatores etiológicos do Diabetes tipo 2. Trabalhos científicos têm demonstrado que uma dieta com alto teor de gordura e baixo teor de fibras aumenta o risco de desenvolvimento da intolerância à glicose e do Diabetes tipo 2.

Como privar as crianças dos alimentos da moda?

O tratamento com crianças depende muito mais da família do que da própria criança. A criança precisa estar em um ambiente de ajuda e cooperação, para que ela consiga fazer a dieta. É necessário ela entender a doença e saber os riscos e prejuízos de uma má alimentação. O mesmo acontece com a família que tem uma criança diabética em casa. Todos precisam se envolver, para que a criança não fique tão exposta a alimentos que vão prejudicá-la. Na escola, é necessário educação nutricional, pois um vai ajudar o outro. Em casos que a criança não consegue dizer “não” aos alimentos da moda, o melhor a fazer, é ensinar essa criança a dieta de contagem de carboidratos.

Quais os alimentos que devem ser evitados?

• Açúcares, como açúcar refinado, açúcar mascavo, açúcar demerara, açúcar cristal, mel, melado, xarope de agave e frutose;

• Farinha de trigo branca ou farinha especial enriquecida com ferro e ácido fólico;

• Alimentos industrializados, como gelatina, suco de caixinha, temperos prontos;

• Gorduras saturadas, como gordura de carne, porco e pele de frango, embutidos, laticínios integrais, frituras, gordura de coco, molhos, cremes e doces ricos em gordura e alimentos refogados ou temperados com excesso de óleo ou gordura;

• Excessos protéicos;

• Bebidas alcoólicas.

Quais os alimentos que fazem bem para quem tem diabetes?

• Alimentos ricos em fibras, como farinha de maracujá, farinha de banana verde, farinha de linhaça, farinha de feijão branco em todas as refeições e não 1 vez ao dia, como é feito pela maioria;

• Alimentos integrais, como arroz integral, pão 100% integral (não pode conter “farinha especial” no rótulo), farelo de aveia.

• Proteínas magras como peixes, peito de frango, clara de ovo;

• Alimentos ricos em omega 3, como a sardinha e a linhaça;

• Alimentos ricos em antioxidantes, como suco de uva integral sem açúcar;

• Alimentos ricos em vitaminas e minerais que façam a insulina trabalhar melhor, como a quinua, amaranto, laranja, acerola, cebola, alho, etc

• Alimentos ricos em proteínas magras e gorduras do bem, como as oleaginosas (castanhas, amêndoas, avelãs, nozes)

Existe interação medicamentosa entre algum alimentos/bebida com os medicamentos do diabetes?


Geralmente deve-se tomar cuidado com bebidas alcoólicas e proteínas muito pesadas, como carne vermelha, leite e derivados.

A Anvisa publicou uma RDC que restringe a publicidade de alimentos gordurosos. Você acha que isso ajuda?

A mídia tem muita influência sobre a alimentação em geral da população. Então, todo projeto que visa educação nutricional é bem vindo, ainda que não solucione o problema.

No Brasil, país de grandes desigualdades sociais, você acredita que é possível para um paciente com diabetes ter disciplina com a alimentação? E no que diz respeito ao custo financeiro?

É praticamente impossível ser bem sucedido na dieta quando não se tem recursos financeiros. Os alimentos pobres em vitaminas e minerais e ricos em conservantes e produtos químicos são extremamente baratos e os alimentos saudáveis, por assim dizer, são extremamente caros. A política pública na área de alimentação e saúde, deve rever seus conceitos para que a população tenha acesso a esses tipos de alimento.

Orientações gerais para diabetes:


• Para o controle glicêmico é fundamental respeitar a quantidade, o tipo de alimento e os horários das refeições;

• Atingir o perfil lipídico desejado. Geralmente, o planejamento alimentar inclui baixa quantidade de gordura, especialmente das saturadas, mais carboidratos complexos e fibras, visando atingir ou manter níveis lipídicos apropriados;

• Manter o peso corporal adequado: em caso de obesidade a redução do peso pode produzir melhora significativa na glicemia;

• Prevenir, retardar ou tratar as complicações da doença: o planejamento alimentar pode evitar hipo e hiperglicemias e outras complicações da diabetes;

• Contribuir para melhora da saúde e bem estar, através do uso de alimentos funcionais;

• Praticar 30 minutos de exercícios físicos todos os dias.