Dura no mínimo quatro anos e seis meses a proteção
oferecida por uma das vacinas contra o HPV, vírus que é uma das
principais causas de câncer de colo do útero, segundo um estudo
publicado na última edição da revista científica
The Lancet.
Até então, não sabia o tempo de efeito da vacina. O HPV
é sexualmente transmissível e tem a capacidade de provocar a mutação
de certas células, o que leva à formação de tumores.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) calcula que o Brasil terá
neste ano 19.260 casos novos de câncer de colo do útero o risco
estimado é de 20 casos para cada grupo de 100 mil mulheres. É
o segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres, atrás apenas
do de mama.
O estudo mostrou que, quatro anos e meio depois de tomar a vacina, as mulheres
ainda tinham no organismo altos níveis de anticorpos contra o HPV- 16
e o HPV- 18, as variantes do vírus mais associadas ao câncer. Foram
acompanhadas 800 voluntárias - parte delas recebeu três doses da
vacina, outra parcela recebeu placebo.
"Esse achado cria o cenário para a adoção em grande
escala da vacina contra HPV como prevenção ao câncer de
colo do útero", afirmou a pesquisadora Diane Harper, da Faculdade
de Medicina de Dartmuth, em Hannover, nos Estados Unidos, que conduziu a pesquisa.
A vacina em questão é o Cervarix, produzida pelo laboratório
inglês GlaxoSmithKline. Além disso, combateu infecções
já existentes e protegeu as voluntárias contra outras variantes
comuns do vírus, como o HPV-45 e o HPV-31.
Alternativa
Outra vacina contra o HPV tem duração de pelo
menos cinco anos. Esse resultado está prestes a ser publicado em outra
vista científica, segundo o oncologista brasileiro Ronaldo Lúcio
Rangel Costa, que participa das pesquisas.
O produto é o laboratório americano Merck e foi desenvolvido em
parceria com o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer. Os testes
de duração da vacina estão sendo realizados em 33 países,
incluindo o Brasil. "É parecida com a vacina contra a hepatite.
Por isso, acreditamos que deva ter uma duração de dez anos",
afirma o oncologista.
A vacina da Merck, como a da GlaxoSmithKline, protege contra o HPV-16 e o HPV-18.
A diferença é que ela induz também a formação
de anticorpos contra HPV-6 e o HPV-11, que são responsáveis pelas
verrugas genitais (benignas).
As duas vacinas ainda não chegaram ao mercado. Estão em processo
de liberação nos Estados Unidos e na Europa.
Uma pesquisa realizada na União Européia com mais de 1.500 mulheres
e divulgada ontem mostrou que apenas 5% delas sabem que o HPV causa o câncer
de colo do útero.
Calcula-se que 630 milhões de pessoas no mundo, entre homens e mulheres,
estejam infectados por um dos cem tipos de HPV. O vírus pode também
causar câncer de ânus e de pênis.