Adoçante faz bem ou mal? A polêmica é antiga e todos os anos são levantadas novas questões a cerca do risco dessas substâncias. Desde a década de 70 muitos trabalhos científicos famosos revelaram um potencial cancerígeno atribuídos a eles. Além disso, doenças neurológicas, autoimunes e degenerativas poderiam ser causadas por eles, causando muitas dúvidas e insegurança aos consumidores.
Com o passar do tempo, essas suspeitas foram caindo por terra. Isso ocorreu pelo fato de que a maioria dos trabalhos científicos que relatava resultados deletérios dos adoçantes usava quantidades extremamente elevadas desses compostos. Alguns protocolos de pesquisa chegaram a utilizar nos ratinhos, o equivalente a mais de 2000 latinhas de refrigerantes por dia. Assim, esses resultados não foram comprovados em humanos e os adoçantes ganharam a confiança do mundo acadêmico e receberam o aval da maioria das agências reguladoras mundiais.
Há cerca de 3 anos¸ um estudo em animais de laboratório levantou uma nova questão a cerca dos adoçantes. De acordo com os autores, os adoçantes podiam levar ao ganho de peso. Eles estudaram dois grupos de ratinhos, um grupo ingerindo uma dieta com adoçantes e outro grupo com dieta normal. Os autores notaram que ratinhos que consumiam suas refeições com adoçantes comiam mais e, por conseguinte, engordavam mais do que o grupo alimentado com alimentos sem adoçantes. Com isso, foi levantada a hipótese de que ao sentir o sabor doce na boca, o corpo se prepararia para receber as calorias do açúcar e quando elas não vem, passaria a buscar esse nutriente em vários alimentos, principalmente carboidratos. Dessa forma estaria predisposto a comer mais e a engordar. Essa hipótese aguardava por comprovação em humanos, que pudesse nos responder e explicar essa possível ligação entre adoçantes artificias e ganho de peso.
Durante o 71º. Congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA) que ocorreu em San Diego na última semana do mês de junho, essas respostas começaram a aparecer. O tema foi novamente abordado com dados muito convincentes em humanos. A equipe da Dra Helena Hazuda, da Universidade do Texas, acompanhou 474 voluntários durante 10 anos e concluiu que aqueles que ingeriam duas ou mais latas de refrigerantes diet por dia ganharam muito mais peso, principalmente circunferência abdominal, quando comparados aos que não tomavam refrigerantes ou que tomavam as versões convencionais dessas bebidas.
Finalmente, a Dra Barbara Corkey, PhD e professora de Medicina e Bioquímica da Universidade de Boston, demonstrou um modelo no qual os adoçantes artificiais causariam elevação da insulina e maior propensão ao diabetes. A ligação entre hiperinsulinemia e obesidade já é nossa conhecida há muito tempo e pode ser o elo entre o uso dos adoçantes artificiais e a obesidade. A Dra Bárbara, com o seu trabalho científico recebeu a Medalha de Banting para avanços científicos durante o 71º. Congresso da ADA e pode ter encontrado uma razão muito convincente para reavaliarmos o uso dos adoçantes artificiais.