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27/02/2009
Contatos imediatos com o além

Contatos Imediatos Com o Além

Antes de participar de um trabalho espírita, aquele chamado de “mesa branca” o conselho foi para primeiro se harmonizar com o povo. Pra começar nada melhor que o “calçadão” do Bairro de Perus, local este para provocar inveja a outros bairros. No local a solidariedade humana funciona a todo vapor. Várias coisas como CDs e DVDs de várias modalidades são oferecidos ao público até por três reais. O bairro se especializou em investir em turistas e é difícil de encontrar algum conhecido, nem mesmo alguma ex-namorada para pelo menos matar a saudade. O harmonizar com o povo começou numa barraca onde belas mangas estavam expostas e assim para uma senhora a pergunta amistosa surgiu: “A senhora tem pé de manga?” Ela respondeu que não e a seguir foi um inclinar-se para baixo para olhar os pés dela e constatar que ela não mentiu. “De fato a senhora não tem pé de manga, mas, não importa pretendo comprar algumas dessas daqui”. Depois de comprar algumas e subir pela bela avenida do bairro, defronte a um banco, o encontro foi com um senhor muito divertido e o mesmo se intitula de marreteiro. Ele estava ouvindo “tirando as giletes que vende, o resto é só estrume” e foi quando se aproximou um outro senhor perguntando: quanto custa isto aqui? Que seria aquilo? O homem explicou que era uma escovinha especial para pentear cabelo de quem como ele, o corta quase careca. Ai ele ouviu “mas isso é coisa de viado, porque, meu corte de cabelo é igual ao seu e só passo a mão”. Ele riu e a seguir o bate-papo foi animado. Aquele homem começou a relembrar passagens da Bíblia, como por exemplo, a história de Caim e Abel dentre outras e disse que em nada acreditava, mesmo tendo sido pastor no nordeste em cuja igreja os afiliados eram cerca de setecentas pessoas. Depois, o assunto mudou para anedotas entre pastores e das coisas engraçadas, das graças que os fiéis pediam e que por isso, depois eles riam e nós ali também rimos. A descontração foi total e só restava aguardar a hora de ir à seção espírita de mesa branca. Ela foi muito interessante. Para iniciar todos ficam de mãos dadas para criar uma corrente enquanto alguém profere uma oração. Antes do fim da oração os espíritos já se manifestam. Um homem girou tanto a cabeça que pareceu não ter músculos e nem ossos. Parece que foi o espírito do Zé Manivela que desceu nele. O chefe do centro espírita, aquele que orou ficou por detrás tentando acalmar-lhe a agitação e perguntou para o espírito: O que você quer irmão? Estamos aqui para te ajudar. Não deu para entender o que o espírito falou ou pediu. Falava muito “enrolado”. Ordeiros como são eles não se manifestam ao mesmo tempo. Cada um que desce aguarda a sua vez. O próximo entrou numa mulher e ela só chorava, soluçava. Aquele chefe do centro espírita é que tentava conversar com ela, ou melhor, com o espírito que estava nela e pareceu que só os dois se entendiam. Outros espíritos desceram e alguns pareciam ser conhecidos. Lembrar de tudo é difícil, mas, se deduz que aqueles obreiros freqüentam aquele local para doutrinar os espíritos ainda inferiores, ainda nas trevas e encaminhá-los para a luz e, em troca, seus males poderiam ser resolvidos. Isso demora um pouco porque alguns há muitos anos lá estão frequentando e os males ou problemas pessoais sempre reaparecem. Também ainda existem muitos espíritos sem luz que precisam da luz dos vivos para poder evoluir e dentre estes vivos alguns têm luz de sobra para transferir, aliás, até em detrimento próprio, pois, suas luzes às vezes até se enfraquecem. A missão de ser “médium” não é fácil porque lhe é difícil agüentar os espíritos zombeteiros. Até parece que todos eles são brasileiros. É mesmo! Nunca soube de um espírito que falasse inglês. E assim, com luz ou sem luz a vida continua.


Altino Olímpio