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21/01/2009
Cura do diabetes pode estar no corpo

CIÊNCIA // Pesquisa norte-americana revela que pâncreas pode originar células responsáveis pela produção de insulina e ajudar no combate à doença
Rodrigo Craveiro // Correio Braziliense

Brasília - A chave para a cura do diabetes pode estar dentro do corpo humano, provavelmente no próprio pâncreas, órgão que desempenha papel vital na doença. Ao contrariar todas as pesquisas sobre o assunto, a norte-americana Susan Bonner-Weir - cientista do Joslin Diabeter Center, pertencente à Universidade de Harvard - confirmou que os dutos pancreáticos têm a habilidade de originar células progenitoras. Por sua vez, essas cêlulas possuem alto potencial de diferenciação e se transformam em células beta, responsáveis pela produção de insulina. Os pacientes diabéticos não conseguem fabricar o hormônio ou o processam em quantidades insuficientes. A pesquisa foi publicada pela revista científica Proceeding of the National Academy of Sciences e lança luz sobre a descoberta de mecanismos capazes de suprir o organismo com insulina.

Em entrevista ao Correio/Diario, por e-mail, Susan explicou que uma importante quantidade de células beta poderia se formar nos dutos pancreáticos após o nascimento ou como consequência de uma lesão. Um estudo anterior havia constatado que essas células se originam da autoduplicação em ratos. "Não esperamos ser preciso machucar uma pessoa com diabetes para usar esta descoberta como terapia", afirmou a especialista. "Nós estamos aprendendo sobre como estimular a regeneração das ilhotas de Langerhans (fontes de células a beta) do duto", acrescentou.

A expectativa é de que a técnica leve à criação de pequenas moléculas ou drogas que imitem os sinais usados pelo corpo para produzir células beta. "Esperamos que novas substâncias estimulem o processo natural de formação dessas estruturas", comentou Susan, apesar de descartar a descoberta de uma fonte de insulina. "O que fizemos foi obter a mais forte evidência de que células produtoras desse hormônio podem ser geradas a partir de células do pâncreas que não fabricavam insulina". A principal vantagem do estudo é que ele dispensaria a necessidade de modular o sistema imunológico para que as novas células betas fossem destruídas, em portadores de diabetes tipo 1.

Conselho - Como é impossível determinar um prazo para o início de tratamentos, Susan aconselha os portadores de diabetes a manterem o melhor controle possível da glicose no sangue. "Essa medida permite que eles tenham boa saúde para quando essas terapias estiverem disponíveis", disse. A medicina reconhece as células-tronco como uma potencial fonte de células beta, mas um transplante ainda é considerado de risco. Por sua vez, segundo a cientista, o transplante de ilhotas de Langerhans apresenta dois grandes obstáculos. "Em primeiro lugar, é necessária a imunossupressão para prevenir a rejeição de tecidos estranhos e a destruição do sistema imunológico; em segundo lugar, precisaríamos de ilhotas de até dois pâncreas de doadores para livrar o paciente da insulina", justificou. O método seria pouco eficiente, pois a independência do hormônio duraria apenas alguns anos.

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