21/10/2008Barriga saliente traz mais prejuízos à saúde do que problemas estéticosVeja razões, muito além da estética, para dar adeus à gordura que se instala no ventre e as medidas essenciais para eliminá-la de uma vez por todas O abdômen avantajado se tornou o símbolo do que muitos cientistas e profissionais de saúde acreditam ser um dos males mais proeminentes do século 21: a síndrome metabólica, uma conjugação de problemas que, além da dura barriga de chope, engloba o colesterol alto, a hipertensão e o diabete.
A famosa pança, no entanto, é apenas a ponta do iceberg. A gordura que estufa o ventre e se esconde entre órgãos como fígado e intestino é capaz de fazer naufragar o organismo.
“Chamada de visceral, é como se ela se depositasse no lugar errado”, diz a endocrinologista Maria Teresa Zanella, da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp.
Mas dá para enxugar a cintura e exterminar o perigo. Com a ajuda de um time de especialistas, SAÚDE explica por que é preciso dar um fim à barriga e mostra as estratégias mais certeiras para desinflá-la. Veja a seguir:
Ela causa diabetes
Diferentemente de muita gente barriguda — e até os magros podem ser barrigudos, lembre-se disso —, as células que estocam gordura na região abdominal não costumam ser sedentárias.
São mais ativas do que se imagina. Nessa região, elas vivem fabricando substâncias que destrambelham algumas funções do organismo.
Além disso, sua gordura tem a capacidade de migrar e fixar moradia em locais como o fígado.
Ali, está por trás de alterações que deixam essa glândula confusa, deflagrando uma produção excessiva de glicose.
Para suprir a necessidade de insulina, o hormônio que bota todo esse açúcar para dentro das células, entra em cena o pâncreas, que enlouquece na tentativa de atender à enorme demanda.
“Mas essa gordura estocada no ventre também promove a liberação de muitos ácidos graxos livres”, explica o endocrinologista Marcos Tambascia, da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista.
“E eles, por sua vez, impedem a ação correta da insulina”, completa. Daí, como a substância não consegue cumprir sua missão, sobra açúcar e abrem-se as portas ao diabete tipo 2.
Favorece a hipertensão
O corpo que exibe uma barriga saliente fica refém de um verdadeiro efeito dominó. Para dar cabo de tanta glicose correndo pelas veias — conseqüência número 1 da cintura larga —, o organismo intensifica cada vez mais a produção de insulina, até não dar mais conta do recado.
“A elevação dos níveis desse hormônio acarreta um aumento da atividade do sistema nervoso simpático, que ordena uma maior contração dos vasos sangüíneos”, explica Maria Teresa.
“Sem contar que os rins passam a reabsorver mais sódio.” O resultado desse combinado: a pressão vai às alturas.
Aumenta o risco de infarto e derrame
“As células gordurosas localizadas na barriga produzem substâncias inflamatórias relacionadas a doenças cardiovasculares”, afirma o cardiologista Heno Lopes, do Instituto do Coração, em São Paulo.
Nas pessoas com cintura farta, há geralmente gordura em demasia na circulação. Nesse cenário, predominam moléculas de LDL, o colesterol ruim.
Elas podem se alojar na parede de um vaso, disparando um processo inflamatório. Em meio a essa reação, forma-se uma placa que fechará a passagem do sangue — e essa é a origem dos infartos e derrames.
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