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16/05/2008
Contra Corrente

Nesta época quando os povos de outros países estão condicionados e aprisionados por notícias, elas se tornaram à importância do viver deles. Exageradas como são, algumas delas são mais enfocadas e constantemente repetidas para prender a atenção daqueles povos e torná-los cúmplices de uma mesma difusão quando ela lhes ocupa a mente e lhes é fabricada a emoção. Por isso, um Hitler e outros exterminadores, tanto sucesso tiveram entre os seus povos quando bem praticaram a sugestão das massas para se promoverem e para isso só precisaram de ingênuos e ignorantes necessários. Isso de ser “levado pra cá e pra lá” é uma das mais nobres atitudes humanas que os também tão nobres meios de divulgação sempre estão a lhes privilegiar.
No finalzinho do mês de março deste ano de dois mil e oito, na grande São Paulo, Brasil, uma menina de cinco anos foi tida como sendo assassinada pelo pai e por sua madrasta. A mesma fora atirada através de uma janela e do sexto andar de um prédio de apartamentos. Apesar da moderação e com alguma discrição de nossa imprensa escrita e da falada, a notícia do crime se fez acontecer naturalmente. Com isso, diariamente o povo foi favorecido com um curso gratuito de investigação criminal pelos canais de televisão, com esta especialização a se somar com aquela antiga “todo brasileiro é técnico de futebol”.
Como este nosso país é cristão e obediente as suas máximas, como, o “dar a outra face, perdoar e amar o inimigo”, todos que souberam do fato lamentável se comoveram pelos ainda supostos assassinos, pois, eram mesmo dignos de pena. Claro, uma atrocidade praticada contra filhos demonstra como a aberração humana pode se estabelecer em alguém e isso por si só nos deve deixar condoídos. Quando um semelhante pratica um erro tão grave deveríamos pensar se existiria a possibilidade de se “resgatar todo o pecado do mundo”. Foi muito emocionante o clamor público durante o acompanhamento do fato quando uma população esteve presente no translado dos envolvidos para as prisões. Alguns choraram pela tristeza de ainda existir alguém que erre em tirar a vida de alguém. Do alto vozeio destacou-se frases como “Deus vai te perdoar, pai perdoai-os, pois, não souberam o que fizeram” e também “convertam-se, pois, outros assassinos se converteram e se salvaram”. Se este fato horrendo tivesse acontecido em outro país menos evoluído, poderia haver um linchamento. Aqui não! Nossos meios de comunicação sendo imparciais e nada tendenciosos, eles apaziguam tudo. Até relutam antes de divulgar quaisquer notícias que sejam desagradáveis. Ainda bem.

Altino Olímpio