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02/10/2006
Escutar ou Escutar-se

Tivemos este assunto depois da “abertura” do programa de rádio do dia 16-08- 2000.

Nas relações amistosas entre duas pessoas ou mais, quando o assunto é de interesse de ambas e uma está discorrendo sobre ele, quem está ouvindo, “ouve” também seus próprios pensamentos despertados para o assunto em questão. Instantâneos, os pensamentos provenientes ou provocados pela memória são um “jorro” de relatividades ao assunto. Por isso, muitos não sabem se conter e interrompem o assunto, tentando demonstrar que, o conhece e o está entendendo. Quando para o ouvinte o assunto é inusitado, a memória nada lhe “lança” para confrontá-lo com relatividades sobre o assunto porque, ela não as possui. É quando o ouvinte pode ter alguma dificuldade em entender o que está ouvindo e nessa situação não dispõe de conceitos correlatos como pretexto para interromper o que ouve e demonstrar que o está entendendo. Alguns desses do só gostar de ouvir o que querem, o que não querem pode ser-lhes torturante ouvir e suas interrupções são para forçar uma mudança de assunto. Esses não são dados a ampliar seus “conhecimentos”, já são conformados com os que já possuem. Também, para quem gosta de expor os seus conhecimentos para alguém, primeiro, é preciso perceber se o alguém quer ou está preparado para dar acolhida ao que vai ouvir. Quando não quer ou não está preparado, o alguém, por educação, pode fingir estar dando atenção a um assunto e na verdade pode estar “dormindo” nele, divagando em outros diferentes dele. Para ambas as partes é uma circunstância embaraçosa.

Nós já temos insatisfações por aqueles impacientes que sempre interrompem nossos assuntos acrescentando suas idéias ou somando ao mesmo, os seus assuntos parecidos com os nossos, porque, eles não sabem esperar “o depois” de terminarmos os nossos. Além desses existem aqueles “bem educados” que sempre interferem em conversas para desviar nossa atenção para algo “muito mais importante”, como por exemplo: está muito frio ou muito calor, parece que vai chover, fulano chegou, e outras interrupções tão emocionantes que até nos faz esquecer do assunto de antes delas. E os participantes da conversa demonstrando “muito interesse por ela”, também eles se esquecem e não voltam pela continuidade dela. Felizmente esse “nos fazer de tontos”, no mais das vezes, só é percebido por nós. E se cada vez formos ficando mais experientes dessas circunstâncias, aprenderemos a ficar de boca fechada num mais ouvir do que falar. Mas... é preciso ser resistente para agüentar os assuntos “tão importantes” dos outros e os nossos se ficarem conosco mesmo é melhor, principalmente se quem parece que nos ouve, “ouve” apenas a si mesmo e seus próprios pensamentos e isso é fácil notar pelos seus meneios e seus olhos que delatam sua distração.

Obs: Este tema foi resumido e um pouco modificado para poder ser adaptado a este jornal, nesta data, entretanto, seu teor permaneceu inalterado.

Altino Olímpio